quarta-feira, março 23, 2011

TSUNAMI NO ORIENTE MEDIO AMEAÇA EUA E ISRAEL

                                       BARRIL DE PETRÓLEO E PÓLVORA 

Nem tanto á esquerda nem tanto á direita, mas certamente as revoltas populares em vários países árabes, algumas legítimas outras manipuladas por interesses externos, colocam o Oriente Médio em um rumo de incertezas e instabilidade politica.  As populações árabes clamam por liberdade e democracia ameaçando a supremacia politica dos EUA e Israel naquela região sustentada pelo incondicional, embora velado,  apoio de ditadores monárquicos ou republicanos, cujos regimes funcionam como verdadeiro muro de contenção das aspirações nacionais do povo árabe.

Antes de ser uma ironia, mesmo que seja, é revelador,  que os EUA, maior democracia do planeta, use todo seu poderio bélico, para sustentar seus interesses políticos e economicos no Oriente Médio em ditaduras tirânicas que sufocam gritos de liberdade de seus cidadãos , com amplo, irrestrito e ensurdecedor silencio da grande midia ocidental.

Chama atenção o fato que, dos três únicos sistemas democráticos em todo Oriente Médio, cujos líderes foram eleitos pelo voto direito, apesar de alguns questionamentos,  só Israel é aliada dos EUA enquanto os outros dois são inimigos: Hamas em Gaza e Ahmadinejad no Irã, que chegaram ao poder através do voto popular.   No restante dos países arábes nunca houve uma eleição nestes últimos 40 anos.

O que explica a falta de limites éticos dos Estados Unidos em suas relações diplomáticas com o mundo árabe?!:  A sobrevivência?!     O calcanhar de Aquiles  da maior potencia economica e militar do planeta está na dependência do petróleo externo.

Oitenta por cento da energia ( petróleo e gás) usados para movimentar a gigantesca maquina economica do Tio Sam, vem de outros países.  Os EUA são o maior consumidor de petróleo do mundo e o segundo maior produtor.  Estimativas indicam que as reservas petrolíferas americanas durem um pouco mais que uma década. 

Entre a filosófica defesa da democracia e a vital necessidade de energia fóssil para sustentar o modo de vida  americano seus governos buscaram, naturalmente, a segunda opção. É o que vovó dizia: "farinha pouca,meu pirão primeiro".

Então dominar reservas petrolíferas de forma "legal, imoral, não importa" se invadindo o Iraque, bombardeando a Líbia ou pressionando Dilma Roussef a fazer acordos e concessões para garantir exclusividade no acesso ás reservas do pré-sal, é questão de vida ou morte.  Vida  para os EUA e morte para quem não se submete aos seus interesses, enquanto a diversificação da matriz energética em busca de outras fontes não garante sua autonomia energética.

Com este objetivo os americanos usam seu aparato bélico, foguetes, bombas, tiros em uma frente.  Na campo da diplomático,buscam dar aparência de "legalidade jurídica" a seus atos, com resoluções da ONU, que quando condenam o Estado de Israel por crimes contra as populações civis palestinas, não são cumpridas nem respeitadas, já que neste caso o algoz é aliado dos americanos. Não menos importante, a frente midiática, com retóricas moralistas e um batalhão de "especialistas" dos principais canais de informação do mundo escrevendo artigos e publicando reportagens "satanizando" suas vítimas, para justificar atitudes imorais, como as agressões e o desrespeito á soberania nacional dos países classificados como "estratégicos" para os interesses dos EUA.

O grande aparato da guerra, onde a primeira vítima é a verdade, começa com acusações diversas, como  "regimes ditatorias", "ligações terroristas", "desrespeito aos direitos humanos", que disparam  tiros contra as  nações, mundo afora, e termina com as justificativas estampadas nas paginas dos jornais e nos noticiários das TVs na sala de nossas casas. 

Os EUA e a Europa revelam ao mundo suas contradições, usando como argumento apoio de ditaduras como as da Arábia Saudita, Jordânia, Marrocos,  Bahrein e até alguns aviões do Catar para atacar com bombardeios a "ditadura" de Kadafhi na Líbia, até então aliado, agora descartável. O Egito  liderado por Hosni Mubarack  parceiro incondicional de Israel e dos EUA, está temporariamente no "corredor da morte politica", aguardando decisão do novo regime que surgirá da mais legítima manifestação popular contra a mais emblemática das ditaduras.  Os rumos que o país tomará ocupam a lista de preocupações de Israel.

Sem as ditaduras no Oriente Médio EUA e Israel  perderão os instrumentos de controle dos ressentimentos das massas árabes, que embora estejam divididas por 18 países independentes e autonomos , mantém uma identidade nacional que ultrapassa as fronteiras geográficas ocupando toda região, e tem sido imune á   massificação midiática  ocidental que tenta justificar os massacres de civis palestinos e libaneses.

A sede  dos EUA e a da Europa pelo barril de petróleo transforma o Oriente Médio em um barril de pólvora e expõe de forma vergonhosa as divergências entre os países que compõe a força de coalizão para comandar os atuais ataques e a futura divisão do fruto do assalto...militar ao petróleo Líbio.
           
Diferentemente do que acontece em outras ditaduras do Oriente Médio, apoiadas pelos EUA onde a população foi para as ruas, de forma pacífica, reivindicar direitos políticos básicos, como votar e ser votado,  na Líbia os "manifestantes" estão armados até os dentes travando uma guerra civil com o suspeito apoio externo para derrubar o ditador Kadafhi.

A diferença é que as ditaduras aliadas da força de coalizão são donas das reservas  de petróleo controladas pelos EUA.  Enquanto Kadafhi era um aliado muito "intempestivo" e "independente", e, portanto, descartável.

De tudo, fica claro que  o confronto na Libia entre Obama e Kadafhi é a briga do sujo contra o mal lavado.  Nas mãos  de ambos  são bem visíveis as manchas de sangue e petróleo.



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