Vovó Reolinda e o Regime Militar

VOVÓ JÁ DIZIA ,O MAIOR TRUQUE DO DIABO FOI FAZER PESSOAS ACREDITAREM QUE ELE NÃO EXISTE!

Embora a equipe da delegacia de homicidios chefiada pelo Delegado Felipe Ettore tenha demonstrado seriedade, profissionalismo e competencia a investigação do crime de Realengo deixa  muitas perguntas sem respostas.  A tragédia, até agora, só tem de real os corpos das crianças assassinadas na escola Tasso da Silveira, o sofrimento de seus familiares a indignação e a perplexidade da sociedade brasileira.    

A investigação desvendou a mecânica do crime explicando como agiu o criminoso, quem forneceu as armas e a munição e divulgou um vídeo, que embora tenha desmontado versões atribuindo algum fundo religioso ao crime, traz em seu formato a intenção clara de lançar suspeitas sobre os islâmicos.   A quem interessa semear o terror e o ódio religioso no Brasil?    

Não bastasse esta espécie da catarse coletiva em que nos deparamos com o inimaginável rompimento de um paradigma da violência social, por um crime que atingiu nossa natureza humana, somos bombardeados por informações contraditórias, oriundas de uma guerra surda, entre a policia e a imprensa,  nos bastidores da investigação, deste que é o crime mais emblemático da historia moderna do Brasil.

O que está acontecendo?  Porque alguns órgãos de imprensa divulgam informações com base em "cartas" de autenticidade incomprovada "deixadas" pelo assassino Wellington, cujo teor a policia só toma conhecimento nas bancas de jornal?  Porque, repetidas vezes, jornais divulgam uma informação que logo a seguir é desmentida pela policia?

Porque um assassino, suicida, estaria preocupado em não deixar provas do crime que vai cometer, planejando na sequência, sua própria morte?   Será que o suicida ficou com medo de ser processado depois de morto?   Pois a imprensa divulgou notícia de que ele teria destruído seu computador "para não deixar provas" .  

Logo em seguida a policia divulga imagens de um vídeo em que o assassino fala de suas razões para o ataque.   Não há menção ou indício de que ele seria islâmico,   como a revista "Veja" e as Organizações Globo divulgaram !   Uma batalha dissimulada entre boatos da imprensa e fatos apresentados pela policia. O que explica que alguns órgãos de imprensa divulguem "descobertas" antes da policia saber?
 

"Veja" e suas lideradas insistiram em afirmar que o assassino tinha ligações com religiosos muçulmanos, enquanto a policia e especialistas em psicologia forense desmentiam esta versão, o que está por trás deste embate velado?   Quem de fato teria escrito as cartas "deixadas" pelo assassino?   Só um trabalho de perícia poderia responder.     Mas a revista "veja" e as Organizações Globo sabiam do "autor da carta" antes de uma necessária perícia policial que comprovaria sua autenticidade!
 

Precisamos questionar, buscando respostas para este hediondo crime, a partir da análise de fatos recentes acontecidos no Brasil, e, em outros países que foram pressionados pela comoção popular, diante de tragédias similares, e importaram a "lei anti-terror", com todo seu aparato e acessórios, incluindo bases militares americanas para "proteger" reservas petrolíferas de "ataques terroristas".   
Como Berthold Brecht disse : "a nação que não conheçe sua história está condenada a repetir seus erros".  Então que busquemos respostas em histórias alheias. 
Afinal agora que temos o pré-sal passamos a ser a 6ª maior reserva de petróleo do planeta.
Não precisávamos da lei anti-terror no Brasil porque neste país multirracial, multiétnico e multirreligioso não existe campo fértil para semear terrorismo.   Somos território neutro   no cenário internacional.  Órgãos de imprensa como a revista "veja" da editora Abril, panfleto do Departamento de Estado dos EUA  e  "O Globo" não encontravam argumentos para justificar suas campanhas  em favor de legislação especifica.   Coincidentemente, acontece um oportuno massacre de crianças e o Brasil vira alvo de um inédito terrorismo em sua história!?
Se eu acho que tem alguém mais por trás deste assassino?   Claro, não só eu como 190 milhões de brasileiros.    Mas com certeza não é Testemunha de Jeová, Muçulmano, Judeu ou Cristão.  Sabe porque?   Nenhuma religião tem a ganhar com a barbárie, ao contrário, todos só teriam a perder.   Então quem poderia estar por trás de um crime que lançou as manchas do terrorismo no Brasil?   Quem poderia alcançar objetivos estratégicos com um crime que gera indignação e uma revolta que justificaria qualquer ato governamental de prevenção?

Minha falecida vó Reolinda, lá de Anchieta, uma negra de poucas letras e muita sabedoria um dia me disse:  - " o maior truque do diabo foi fazer algumas pessoas acreditarem que ele não existe".   Ela tinha razão, para suas ações diabólicas o "bichinho" trabalha anonimo de forma invísivel  aos olhos de quem ele quer manipular.   O massacre que matou 12 crianças em Realengo  deixou 190 milhões de brasileiros feridos, indignados e suscetíveis á manipulação pela comoção.   É o momento certo para importar dos EUA uma legislação anti-terror como tem defendido a "veja" e as Organizações Globo".  


Mas não é só minha vó que conhecia este ditado.  A ditadura militar que tomou conta do Brasil  de 1964 a 1984, tambem sabia.  Durante o regime autoritário que se instalou no país com incondicional apoio dos EUA, as liberdades democráticas foram suprimidas, partidos colocados na clandestinidade e uma virulenta censura aos meios de comunicação abafou os gritos que saiam dos porões da tirania.  Como os anseios por liberdade são maiores que o medo da prisão e da tortura, alguns "pensadores" do regime militar bolaram o extermínio da resistência ao regime, com um plano que ficou conhecido como o "Caso Para-sar". 

Denunciado por um de seus integrantes, capitão da aeronáutica Sergio Ribeiro Miranda de Carvalho, ao se recusar a participar da operação planejada pelo Brigadeiro Jõao Paulo Burnier, que  seria  executada durante o horário de "rush", visando explodir o Gasoduto do Rio de Janeiro situado  próximo á Rodoviária Novo Rio.  Segundo o capitão Sergio Miranda, morto em 1994, o objetivo  era criar comoção nacional provocando a morte de centenas de inocentes com um "atentado terrorista" cometido por militares, em trajes civis, da tropa de elite da aeronautica do Grupo Parasar, que seria atribuído á esquerda.  Manipulando a emoção nacional com a morte de inocentes, jogariam a opinião pública contra  intelectuais, artistas, operários e politicos que lutavam pela restauração da democracia no Brasil. A estratégia prepararia terreno para endurecer a repressão com prisões, torturas e execuções de militantes de esquerda. O Plano de Burnier previa, ainda, o assassinato de 40 politicos, entre eles o ex-governador Carlos Lacerda, que seriam retirados da prisão executados e seus corpos jogados no local do "atentado" para serem apresentados á imprensa como "terroristas mortos durante o confronto".

A culpa das mortes seria colocada nos guerrilheiros de esquerda justificando a "reação" do regime militar para eliminar a "ameaça comunista".    O Brigadeiro Burnier autor do plano era o comandante da Base Aérea do Galeão onde o preso político Stuart Angel Jones foi morto. 

Era o estado cometendo atentado terrorista para justificar suas futuras ações de repressão.

Bomba explodiu no colo do sargento no estacionamento

Outro caso, em que este blogueiro que vos escreve, por pouco não foi vítima, foi a explosão de duas bombas  no estacionamento do  Riocentro no dia 30 de Abril de 1981. Eu meus amigos Cacai, Pedrinho, Rominho e sua maravilhosa irmã Raquel além de Whasington  e sua irmã Beht, filhos do ex vereador de Duque de Caxias José Rodriguez, fomos ao Riocentro assistir a um show de MPB organizado pelo cantor Chico Buarque de Holanda, em comemoração ao dia do trabalhador. Nossa Kombi estava estacionada a uns 30 metros de distancia da explosão.  As bombas explodiram antes da hora, revelando os autores do fracassado atentado que mataria centenas de jovens,  que lotaram aquele local.  O objetivo era culpar "terroristas" para justificar o endurecimento do regime e frear a abertura politica que se desenhava.   Um dos militares que transportava a bomba,  sargento Guilherme Pereira do Rosário morreu e o então capitão e hoje coronel Wilson Dias ficou ferido.  Apesar da confissão e das evidencias o governo afirmou que a explosão foi obra de "terroristas de esquerda".

Outro caso registrado no rodapé da história, dividido entre a lenda e os fatos foi o "modus operandi" usado pelo governo dos EUA para convencer o presidente Getúlio Vargas a declarar guerra a Alemanha.   Contam os antigos que o presidente brasileiro não queria participar do conflito contra seu principal parceiro comercial que tinha relações pacificas com o Brasil.  Foi então que navios brasileiros foram bombardeados por submarinos, que até hoje ninguém sabe a procedência, já que o governo alemão á época negou os ataques.  Os órgãos de imprensa, financiados por dinheiro de empresas americanas, diziam que eram alemãs, apesar dos militares não terem confirmado estas versões.    Getúlio Vargas teve que declarar guerra á alemanha pressionado pela comoção nacional.

O próprio atentado ao World Trade Center de 11 de Setembro de 2001 tem a autoria que foi atribuída a Osama Bin Laden, contestada por peritos, especialistas e universidades americanas dentro dos EUA.  A farsa que envolve o maior atentado da história é  denunciada em vídeos que circulam na Internet e em filmes como "Jogo de Poder" do diretor Doug Lan ( Identidade Bourne) e no documentário "Farenhait 11 de setembro"  do premiado cineasta Michael Moore.

Peritos apontam explosão de bomba ( circulo branco) 

De qualquer forma a história demonstra que o "11 de setembro"  foi responsável por estrondosos lucros das industrias bélicas, petrolíferas e farmaceuticas dos EUA e tirou a popularidade de George Bush do fundo do poço, lhe dando a reeleição.    Quem perdeu?    Os muçulmanos  do mundo, alvo da mídia ocidental que estigmatizou o islã,  e as milhares de vitimas inocentes que estavam nas Torres Gemeas e no caminho dos soldados americanos que invadiram o Iraque e o Afganistão no rastro da "guerra ao terror".    Até hoje Osama Bin Laden não foi encontrado, apesar dos EUA conseguiram encontrar até agua em Marte.    Bin Laden vivo e solto, dá mais lucro a quem diz querer eliminá-lo. 
Recentemente o filme brasileiro "Tropa de Elite II" mostrou em seu roteiro como o chefe da milícia mandou seus cúmplices assaltarem uma delegacia de policia.   Era uma estratégia para culpar traficantes que atuavam no território pretendido pela milicia forçando a PM  a expulsa-los.  A mílicia usou suas relações  com o apresentador do programa de TV "Mira Geral" para pressionar, com a opinião pública , o comando da policia a atacar os traficantes.  É o mal usando o bem para alcançar seus objetivos.

O que se vê, é que ao longo da história, muitos inocentes foram covardemente assassinados, como nossas crianças de Realengo, gerando uma comoção que abriu  caminho para  interesses poderosos que dependem da opinião pública favorável para se consolidarem.  Você pode achar que a realidade e a ficção se fundem e confundem, no entanto, o sangue derramado dos alunos da escola Tasso da Silveira é real, concreto e tangível e tem sido usado como palanque para disseminar ódio religioso, vender jornal e revistas, levantar audiência de programas de TV, dar notoriedade á "especialistas" em entrevistas, transformar em celebridades alguns anônimos da multidão e finalmente ser usado de forma "oportuna" ou oportunista em prol de um novo bleibiscito pelo desarmamento da população civil na  esteira da comoção nacional. 
Mas não vemos a sociedade civil , Ong's , Comissões de Direitos Humanos nem o Congresso Nacional  EXIGIR e ACOMPANHAR uma rigorosa investigação das circunstâncias deste crime e nem dos interesses que atendem.    Não vejo mobilização para garantir uma investigação isenta, responsável e consequente sobre esta triste página da história brasileira para que ela não se repita.  Não falo da investigação material, que foi conduzida com responsabilidade pela policia técnica do Estado do Rio de Janeiro.  Confiamos na índole e na resistência de policiais que trabalharam sob a pressão de interesses políticos obscuros e inconfessáveis.   Há de se investigar a manipulação dos fatos, suas causas e consequencias.


Diante do massacre das crianças, perdemos o direito de ser ingenuos.


Até agora  tudo que sabemos é o que as Organizações Globo liderados pela revista "veja" diz, que o transtornado criminoso tinha "ligações com muçulmanos" , versões desmentidas de forma contundente pelo vídeo divulgado pela policia em que o assassino não apresenta nem um índicio que corrobore  o teor das matérias veiculadas e que  seguem o roteiro traçado pela embaixada dos EUA, conforme comprovou documento confidencial  divulgado pelo site Wiki Leaks que revela o papel da publicação da Editora Abril na difamação das religiões no Brasil. 
Talvez nós ainda não tenhamos superado nosso "complexo de vira lata" parafraseando o genial Nelson Rodriguez, e acabemos alimentando a ideia que tudo não passa de uma "teoria da conspiração".   Nesta hora, é bom lançar mão dos recursos disponíveis democraticamente  na Internet para pesquisar fatos e registros históricos que a ditadura da informação  não divulga.   E se vc acha que minha vó Reolinda estava senil quando me ensinou aquela frase do título, então quero lembra-lo de uma frase espanhola que nos levará a refletir:  " Y no creo em brujas, pero que las hay, hay".    Eu não acredito em brujas,  mas que elas existem, existem.