sábado, abril 02, 2011

EUA NO AFGANISTÃO : ASSASSINANDO CIVIS POR PURA DIVERSÃO

Parece que o tamanho da indignação da opinião pública diante da barbárie e da injustiça é diretamente proporcional ao tamanho das letras estampadas nos jornais.  Apesar de assassinatos com requintes de crueldade fazerem parte da rotina das forças militares dos EUA em todos os países que invadiram, onde a esmagadora maioria das vítimas, civis indefesos, nada fizeram que justificasse seus tristes destinos,  seus gritos de dor e o pavor de suas faces raramente são estampados pela mídia ocidental.
No artigo escrito pelo jornalista Dorrit Harazim na edição de 27 de março domingo do  jornal "O Globo", algumas linhas perdidas no meio do texto me chamaram a atenção.  Falava dos assassinatos de civis desarmados que os "bravos soldados americanos"  cometeram por pura diversão no Afganistão.
A revista alemã "Der Spiegel" revelou detalhes destes casos aterradores, cuja repercussão não alcançou as manchetes dos grandes jornais, talvez porque, nestes casos ,os mortos são vítimas do "terrorismo de estado" dos EUA .

SOLDADOS DOS EUA ASSASSINAM CIVIS POR PURA DIVERSÃO
Der Spiegel: civis mortos pelo "Kill Team"
Entre janeiro e maio do ano passado, 12 soldados da Brigada Stryker, II Divisão de Infantaria sediada em Kandahar, no Afganistão, resolveram sair do tédio de quem vive longe de casa, da família, do conforto das metrópoles americanas e cercados de montanhas rochosas, areia e miséria, decidiram se divertir: Montaram uma confraria que recebeu o sugestivo nome de "Kill Team" -Time da Morte-.  Quando estavam longe do combate e dos "muhajeddin" - guerrilheiros afegãos - aquartelados nas bases do exercito, jogando cartas, bebendo uísque e se drogando, saiam em busca de adrenalina e de fortes emoções sem riscos.   Matavam civis desarmados. 
Assassinavam civis escolhidos aleatóriamente, mutilavam cadáveres, estupravam mulheres e crianças depois de consumir maconha, cocaína, haxixe, heroína e ópio. 
O Grupo registrava seus atos "heróicos" em fotos e vídeos.
Um dos vídeos mostrava o grupo detendo um "mulá" islâmico - equivalente ao padre cristão - que caminhava na beira de uma estrada empoeirada, fazendo-o se ajoelhar.
Ato contínuo o comandante do grupo sargento Calvin Gibbs, destravou o pino de uma granada e a arremessou contra o religioso, depois convidou dois soldados,  seus camaradas, a terminarem a execução dando tiros de fuzil no "mulá" desarmado. Toda crueldade, por puro esporte, segundo testemunharam os próprios participantes em inquérito militar instaurado pelo exercito,  sómente depois que as imagens e fotos foram divulgadas fora das cercas da base militar dos EUA. O sargento Gibbs costumava circular na base militar com três dedos humanos enrolados um pano. Também guardava como troféu dentes e ossos arrancados da perna de uma de suas vítimas.
Diversão do "Kill Team": tortura até a morte de civis 
Segundo o "Der Spiegel"o depoimento dos envolvidos é tão repugnante que várias entidades estrangeiras sediadas no Afeganistão, inclusive, a ONU, considerada invasora pelo seu constante alinhamento com interesses das tropas estrangeiras no país, instruíram seus funcionários a permanecerem confinados alguns dias, por temerem que a divulgação das fotos inflamasse os ânimos da população civil contra qualquer estrangeiro.  A decisão das ONG's tinha caráter preventivo visando a segurança de seus membros e representava um reconhecimento tácito de que a indignação popular, diante de tanta crueldade, justificaria reações violentas contra todos os invasores estrangeiros, inclusive a ONU.
No inquérito que instaurou uma corte marcial para os membros do "Kill Team"  o soldado Jeremy Morlock, se declarou culpado no julgamento por ter matado três civis afegãos desarmados depois de ter consumido drogas.  Questionado pelo tribunal militar se o plano era atirar nos civis para assustá-los, ou atirar para matar,  Morlock respondeu:  "O plano era atirar para matar".
Embora as práticas relatadas pelos soldados no Afeganistão sejam rotineiras nas guerras americanas recheadas de violencia contra civis,  os marketeiros do pentágono tem conseguido transformar estes casos em "exceções", aos olhos da opinião pública,  e algumas vezes são impelidos a sacrificar  soldados em "cortes marciais",  para criar aparência  punitiva de um "exercito ético que não concorda com a barbárie". 
E enquanto estes fatos não ocuparem as primeiras páginas dos jornais em letras garrafais a indignação da opinião pública será tão discreta como foi a referencia a este episódio, narrado em poucas linhas no artigo de Dorrit Harazim, banalizando o massacre de civis em nome de sua proteção.

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