domingo, março 20, 2011

EU, MEU FILHO E BARACK OBAMA

        Pedro Ivo entrou na sala correndo, com um largo sorriso no rosto ,braços abertos, como se estivesse comemorando um gol, para me dizer que Barack Obama ganhara uma camisa do Flamengo. Na noite anterior meu filho, flamenguista apaixonado,como eu, ,já demonstrara uma pontinha de orgulho ao saber que o presidente dos EUA iria pousar seu helicóptero na Gávea ,no campo do  rubro negro.

Naquele minuto, Obama era o máximo, para ele.

Obama é assim, carismático,inteligente,simpático e arrebatador .   Dono de um discurso brilhante , exerce fascínio sobre as pessoas que estão ao alcance de sua influência pessoal.

O primeiro presidente afro -americano a governar o país do "Tio Sam"  revela uma eloquente  face de seu  poder pessoal.

Seu discurso no Teatro Municipal do Rio de Janeiro foi sedutor, realçando imagem amável , alegre e divertida,muito diferente de seu grotesco antecessor  na Casa Branca .

Pedro Ivo,com seus dez  anos de idade ,não  esquecerá o dia em que o manto negro do Flamengo trêmulou impávido, como um colosso, nas mãos do homem mais poderoso da terra. Meu filho exerce seu direito de viver a infância ,com  inocência,  magia e a ingenuidade de todas as crianças de sua idade. 

Pedro Ivo tem o direito de ser ingênuo.
Mas este direito,me tem sido negado pelos fatos!

Obama é  um charmoso "garoto propaganda" dos interesses econômicos ,políticos e militares dos EUA, e  se apresenta como um novo e moderno rótulo, para o velho e surrado produto da "diplomacia do porrete" americana..  

Para lembrar ao mundo que nos Estados Unidos nada mudou com a simpatia de Obama, os cárceres de Abu Graib no Iraque e de Guantánamo em Cuba continuam lá representando todas as formas de indignidade humana. Quando assumiu o poder ,o esposo da charmosa e elegante Michelle ,disse que aquelas prisões seriam fechadas.

Disse também que acabaria com a guerra que flagela os habitantes do Afeganistão e entregaria os destinos do Iraque ao seu povo.

Passados dois anos, crianças e "civis desprotegidos" continuam sendo mortos pelos tiros e bombardeios do exército dirigido por Obama.

Quais as diferenças e igualdades entre as administrações do "sanguinário" George Bush e do "amável" vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Barack Obama?

A simpatia pessoal de Obama é a diferença, e  igual, a mania de derramar sangue para controlar o petróleo em terras estrangeiras.

Com Barack Obama ,os EUA continuam com a mesma doutrina baseada na relação de forças entre as nações e na manutenção de seu império ás custas das riquezas alheias.

Querem ser clientes "exclusivos" na compra do Petróleo da camada do Pré-sal, mas não abrem mão de derrubar as barreiras alfandegárias que taxam produtos brasileiros vendidos aos EUA. É uma postura contraditória para quem defende a economia de mercado. 

O recente ataque contra a Líbia ,realizado pela   "força de coalizão",ordenado pelo amável Obama, entre piadas ,sorrisos e  brindes  durante almoço-reunião com a Presidenta Dilma Roussef no Palácio Alvorada, revela o perfil da diplomacia ,onde a máxima, é usar as palavras para esconder o pensamento.   A sobremessa do almoço foi a  "saia justa" para o Itamaraty, já que as circunstâncias, levam a crer que o Brasil, de forma velada , concordou com a posição americana depois de se abster de votar na resolução da ONU que decidiu pelo ataque.

Ironicamente a operação de guerra recebeu o sugestivo nome de "Odisseia do Alvorada", mesmo nome da residência oficial da Presidenta do Brasil.


A Líbia  atingida por centenas de mísseis ,deve agora estar contando seus mortos  vítimas inocentes e "civis desprotegidos" .
Quantas crianças da idade de meu filho que como ele , desfrutavam do direito de ser inocentes e ingênuos, morreram?  Foi assim no Iraque e no Afgnastão centenas de milhares de civis mortos!


O mais perverso neste quadro de incoerências , é que  para garantir o 'marketing diplomático" justificando o ataque em " defesa dos civis inocentes", os EUA se amparam  no apoio de países árabes que concordaram com o bombardeio, para enfraquecer um  " ditador sanguinário", que até antes da crise havia se transformado em aliado da politica norte-americana no Oriente Médio e norte da Africa  . A Líbia de Kadafhi era da Comissão de Direitos Humanos da ONU com o apoio de todos os países que formam a coalizão.

Para buscar respaldo contra o descartável aliado líbio,os Estados Unidos conseguiram   o apoio formal de países que compõe a Liga Arabe.  Jordânia,Marrocos,Arábia Saudita e até poucos dias atrás, o Egito, ditaduras totalitárias,onde os cidadãos que clamam por liberdade, tem seus gritos sufocados nas masmorras da opressão, diante do silêncio americano. Todos aliados dos EUA .

De tudo o que se aprende é que existe distância entre a intenção e o gesto, entre o homem e o sistema.
Barack  Obama e George Bush são diferentes, mas representam o mesmo roteiro neste teatro de horrores!

Para meu filho,Pedro Ivo, talvez a frustração com o Presidente chegue mais cedo, ao constatar que além de tudo, Barack Obama é um tremendo pé-frio , já que depois que ganhou aquela camisa,nós não conseguimos passar de um empate com a fraca equipe do Cabo Frio.
          

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Todos comentários serão publicados após moderação se não contiverem conteúdos ofensivos ou que estimulem qualquer forma de intolerancia.