sábado, março 19, 2011

BARACK OBAMA: O HOMEM E A INSTITUIÇÃO

          
                                           DIFERENÇAS ENTRE "PODER" E "GOVERNO"

Na manhã seguinte á proclamação da vitória de Barack Obama , na inédita eleição que levou um negro á presidência dos EUA ,acordei cedo e fui à banca, comprar todos os jornais que estampavam em letras gigantescas os fatos que marcaram aquele dia histórico registrando o rompimento do mais emblemático paradigma de sociedade americana : O preconceito racial!

Aos 08 anos de idade ,Pedro Ivo, meu filho, tinha a mesma compreensão de toda criança de sua idade. Ao guardar os jornais, queria que ele ,anos mais tarde, pudesse comprovar o momento da mudança, tendo em mãos uma espécie de certidão de nascimento da nova era para a humanidade.

Como não sonhar com mudanças significantes no mundo com a chegada ao poder,da nação mais poderosa do mundo, de um homem que pela sua origem e a cor de sua pela ,deveria conhecer as nefastas consequencias da injustiça e da intolerancia?

A eleição de Obama embalou os sonhos da humanidade.

Apesar de saber que o poder dos Estados Unidos é sistémico e institucional,  sempre tive um sopro de esperança no  coração ,por  acreditar  que o homem que exerce a Presidência seria  capaz de mudar as diretrizes da politica externa americana, marcada pela relação de forças e pela supremacia de seu arsenal bélico.

Acreditar em uma relação entre as nações movida pela cooperação e solidariedade ,orientada pelo respeito á diversidade das riquezas deste verdadeiro mosaico composto pelos povos da terra? Isto era um sonho possível.!

Yes, we can!

Obama representou a esperança de biliões de habitantes deste planeta ,cansados de assistir o poder das corporações economicas ditar o rumo da politica externa dos EUA e o criminoso uso de seu poderio militar para atender suas estratégicas e vitais necessidades de se livrar da dependência do petróleo externo.

A saga de Obama revelou as diferenças entre "poder' e "governo", onde o primeiro é constante,permanente  e usa o segundo para preservar e ampliar seus interesses. O governo é instrumento do poder.

Isto explica a natureza sórdida das invasões do Iraque,do Afeganistão e a contraditória sustentação das ditaduras no Oriente Médio ,principais aliados daquela que se apresenta como a maior democracia do mundo.

O roteiro da diplomacia internacional é produzido e dirigido  pelas corporações economicas globais e Obama é apenas um personagem, muito bem maquiado, e segue um scrip previamente elaborado   pelas empresas transnacionais e seus interesses mercadológicos

Obama demonstra ao mundo que querer não é poder.

Ele manda, mas ninguém obedece!

Em seu discurso disse que fecharia a famigerada Base da Guantanamo , espécie de consagração ao desrespeito dos direitos universais do ser humano. Não fechou!  Disse que sairia do Afeganistão. Não saiu e corre o risco de ser expulso pelos Talibãs  composto por grupos tribais e imbatíveis guerreiros das pedregosas montanhas onde o veículo mais veloz é o cabrito montanhês. Disse que desocuparia o Iraque, de onde tirou meia dúzia de soldados, impôs um líder fraco e corrupto e consolidou o domínio das companhias americanas sobre a prospecção, o refino e a distribuição do petróleo iraquiano!

Até agora de concreto o mundo só ouviu sua íntima intenção acompanhada dos "truques" do marketing politico, que usam o charme da família Obama como novo rótulo para um velho produto diplomático dos EUA .

Não há como não registrar a visita do homem mais poderoso do mundo ao Brasil.

Simpático,carismático,cativante Obama e sua charmosa esposa Michelle serão recebidos com carinho e simpatia pelo povo do Rio de Janeiro. São afáveis e despertam admiração.

Mas os rigorosos sistemas de segurança que os acompanham, revelam os perigos que rondam o homem que representa a instituição  dos EUA  e tem origem na bagagem que carregam em suas visitas, no nosso caso o olho gordo sobre as jazidas do pré-sal.

Obama é um indivíduo popular, mas a instituição que ele representa, odiada nos quatro cantos do mundo, foi responsável pelo cancelamento do discurso que faria na Cinelândia

Eram tantos atiradores de elite espalhados pelo tradicional espaço democrático de manifestação popular, que se um muleque gaiato resolvesse explodir  um "cabeção de nêgo" durante o discurso do Presidente dos Estados Unidos, seria uma verdadeira carnificina com os "sniper's" do serviço secreto atirando para todos os lados.

Quando não for mais o presidente, Obama certamente poderá tomar um chopinho tranquilo no bar do amarelinho e sem precisar fechar o espaço aéreo na Cinelândia

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