quinta-feira, outubro 17, 2013

EDUCAÇÃO PÚBLICA: A PEDAGOGIA DA OPRESSÃO

Parafraseando Paulo Freire

Na falta de educação sobram agressões.  Até quando?

A resposta das autoridades, às reivindicações dos professores, traduziu a soma de todas as violências contra o sistema de ensino brasileiro.  Com tiros, bombas e "porradas" o  prefeito Eduardo Paes e  o Governador Cabral, reproduzem histórico método de opressão contra as  possibilidades pedagógicos libertadoras, que germinam nas escolas públicas por esforço dos professores.

Não é só a reivindicação salarial e a capacidade financeira da prefeitura em atenda-la!  Existe um conflito silencioso, entre um sistema público educacional tecido pela trama  "domesticadora" de consciências, em favor das classes dominantes, contra uma  doutrina educacional provocadora, formadora de cidadãos reflexivos e agentes de suas próprias destinações históricas, defendida pelos profissionais do magistério.  Estas diferenças ressaltam a importância, e as divergências,  sobre critérios de investimento dos recursos públicos, que colocam em lados opostos educadores e governantes.

Os militantes do magistério, sujeitos de uma permanente transformação de idéias e concepções por ofício, sofrem com a histórica carência de investimentos em programas e estruturas, que estimulem o aprendizado pela criação e o conhecimento das diversidades, como instrumento de avanço da sociedade.  Sistematicamente precarizada, a escola pública  transformou-se em muro de contenção social, e as salas de aula em depósitos de crianças com seus dramas familiares e sociais.  Sem os materiais necessários e sem apoio de recursos humanos qualificados,  o professor, munido de giz, apagador e devoção sacerdotal para educar, enfrenta dificuldades na relação dialética com seus alunos, contaminados pela cultura da violência e pela degeneração de valores éticos e morais, amplamente incensadas pelos veículos de comunicação de massa.

Sem o respeito solene pelo mestre, nenhum conteúdo pedagógico será eficaz no objetivo de educar.  A violência desmedida do aparato policial , no inicio do mês, violou este respeito, mas, gerou uma comoção popular e um ciclo de violência e depredações reproduzido em outros estados do Brasil.

O conceito pedagógico democrático, acolhedor da diversidade e da educação libertadora foi adotado como modelo na organização sindical  e nos métodos de tomada de decisão do SEPE, onde a construção da pauta de reinvindicações é fruto de exaustivos debates, em longas assembléias conduzidas por um colegiado, que abriga diversas correntes partidárias e apartidárias.

Sem reconhecer e dialogar  com esta diversidade e enclausurado em sua "autoridade divina" , Eduardo Paes, criou o impasse nas negociações, preferindo a estratégia da "esperteza" ao jogar para a platéia.  Focou para a imprensa a questão salarial, tirada de uma pauta reivindicatória com mais de trinta itens, para induzir a opinião pública a acreditar que os professores fazem greve em defesa de interesses próprios. Tenta esconder da sociedade  o esgotamento deste modelo de gestão, centralizado, corrompido e conflitante,  com repercussões negativas na educação de milhares de alunos, futuros Black Bloc's, e produto de uma educação de má qualidade.    
 

A hora é de garantir a participação dos profissionais no debate do planejamento dos investimentos e das metodologias pedagogicas a serem aplicadas, rompendo com um modelo segregador, em nome de melhor qualidade do ensino público.

Um comentário:

  1. Bom texto!Está em total acordo com o que se passa em nossa educação.Precisamos de ações urgentes para a mudança dessa perversidade que estão fazendo com a nação brasileira há anos!

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