sexta-feira, maio 06, 2011

Porta voz da Casa Branca: Saudades da minha vó Reolinda

A cada nova versão sobre a morte de Bin Laden, apresentada pelos EUA, ora oficial, ora de "fonte não revelada", me saltam as lembranças e vem a saudade da minha vó Reolinda, uma negra de pouca leitura e muita sabedoria, que um dia me disse: "Quem tem boca fala o que "qué" e quem tem ouvido ,ouvi o que não "qué".
Até achei que poderia desmontar a tese daquele doce figura, falecida próximo aos cem anos de idade , que me recebia com cocadas, balas e histórias sobre curupira e saci pererê,  no velho barraco lá de Anchieta, bairro no subúrbio do Rio de Janeiro.  Se ela estivesse entre nós eu diria: - Vovó, o mundo mudou, as comunicações se diversificaram e evoluíram, hoje basta que eu mude o canal de TV ou a estação de rádio para "não ouvir o que eu não quero!"  Quanta ingenuidade a minha!  Diversificaram se os meios de comunicação com a criação de  milhares de estações de rádio, centenas de canais de TV aberta e fechada, milhares de jornais, editoras e publicações literárias quintuplicaram e os estúdios de produção de videos e cinema mais do que triplicaram, criou-se uma rede mundial de veículos de comunicação de massa.  Mas, mesmo assim, toda vez que mudo um canal ou uma estação de rádio, sou obrigado a "ouvir o que não quero" reiteradas vezes por diversificados veículos de informação que repercutem versões oficiais, cujos teores, produzidos em laboratórios de marketing, são divulgados de forma padronizada e sistemática pela rede mundial de informação. Vovó tinha razão. Fiquei com saudades da minha "nega véia", sempre muito simpática, que me responderia com uma gargalhada contida entre fartas bochechas, um cachimbo preso nos lábios, lenço cobrindo os cabelos embranquiçados pelo tempo, passos lentos e seguros em direção ao velho armário cheio de guloseímas, próprias para as raras visitas que eu lhe fazia : - Meu neto,  mudam as tralha mas o coração dos "home" vai sê sempre o mesmo, sempre vai tê gente fazendo qáqué coisa pá enganá osôtro com as palavra! 
Jay Carney: e agora, digo o quê?
Está aí o porta voz da Casa Branca Jay Carney, que não deixa vovó Reolinda mentir, porque a todo instante apresenta "versões oficias' dizendo que não disse o que disse que tinha dito antes. 
Não deixa a vovó mentir, mas ele mente muito.  Na primeira versão do governo Barack Obama uma tropa de elite invadiu a casa e durante troca de tiros matou Osama Bin Laden, seu filho e esposa que havia sido usada "como escudo humano" termo padrão usado em outras operações das tropas americanas quando são mortas vítimas inocentes no Afganistão e no Iraque.  Com esta versão os EUA ficavam bem na fita e Bin Laden aparecia como um "covarde até na hora da morte" como foi publicado em vários jornais do mundo. Todo mundo assassinado,sem testemunhas era só mandar o relatório para o porta voz da Casa Branca divulgar a versão.  O problema é que esqueceram de dar credibilidade á reação com "tiroteio" plantando uma arma junto aos corpos, para justificar os tiros disparados pelos soldados contra o lider da Al Qaeda e  sua família. Se tivessem feito um cursinho com alguns PM's do Rio e São Paulo onde estão os maiores índices de mortes violentas em confrontos por "auto de resistência", não teriam pecado no detalhe que obrigou o porta voz á uma constrangedora mudança da história.

Casa Branca : Divulgando "versões oficiais"
Uma bala perdida no tiroteio que matou Osama Bin Laden acertou as versões da Casa Branca deixando meio tonta a equipe de marqueteiros da campanha de reeleição de Barack Obama, que agora tentam produzir versões compatíveis com as reações da opinião pública sobre o episódio.  Claro que os Estados Unidos não vão pautar seu comportamento considerando a opinião pública mundial, pela qual nutrem um desprezo crônico oriundo da arrogância imperial, de quem está acostumado a ver o mundo á seus pés.  É por isso que a cada dia surgem novas versões para os mesmos fatos, demonstrando a falta de respeito pela nossa capacidade de construir raciocínios lógicos.  As versões para exportação são "enlatados" de má qualidade próprias para o mercado externo, sempre dócil ao processo de idiotização universal. No mundo não faltam "mensageiros" do Tio Sam para divulgar seus conceitos e suas teses, estimulados por milhões de dólares do Departamento de Estado dos EUA, ou mesmo, inocentes úteis, na ansia de aparentar posturas modernistas ao se alinharem automáticamente á tudo que vem da América do Norte.
O plano da assessoria de imprensa de Whashington em  massificar a informação sobre uma versão politicamente correta, de um assassinato a sangue frio, tem trombado com os fatos, expondo contradições despudoradas que ressucitam a metamorfose ambulante cantada em verso e prosa por Raul Seixas e constrangem o casal Willian Bonner e Fátima Bernardes, quando apresentam no Jornal Nacional matéria  "de fonte não revelada", usando expressões faciais e tons de voz para dar ares de solene credibilidade á ultima  "versão oficial", que nem eles mesmo acreditam.
Ora se a versão oficial não teve credibilidade qual seria a credibilidade de "uma fonte não revelada'?
Mas os EUA estão se lichando para a opinião pública mundial.
A questão é o público interno, mais relevante, pelo poder que tem de eleger o Presidente dos Estados Unidos pelo voto. Para esse é que a equipe de reeleição de Barack Obama bolou o factóide politico eleitoral de "esconder" ao jogar no mar o corpo de Osama Bin Laden criando um suspense controlado pela assessoria de imprensa, fazendo com que os conspiromaníacos estendam o assunto até o período pré-eleitoral.  Afinal de contas lá como aqui os governantes acreditam que o povo tem memória curta.
Quando o assunto estiver "apagando" Barack Obama apresentará a certidão de óbito de Bin Laden ás vésperas das eleições  como apresentou sua certidão de nascimento para provar que é cidadão americano. E o eleitor dos EUA irá ao delírio.

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