domingo, junho 10, 2012

Av. Presidente Kennedy: duplicação da morte.


São 18 postes no meio da pista provocando acidentes fatais
Diante do incomodo e sepucral silêncio de membros do primeiro escalão do governo municipal, em palestra na FIRJAN, o subsecretário estadual de obras Vicente Loureiro, afirmou que a obra de duplicação da Av. Presidente Kennedy "era de menor importância estratégica para o governo". Não é novidade. A viagem por aquela pista é conhecida pelos usuários, que sobrevivem ás suas mazelas, como o "rally da Kennedy".  Concebida pela ótica de interesses econômicos privados, seu desenho arquitetônico maximizou lucros e reduziu custos, sacrificando itens básicos de planejamento na mobilidade urbana, essenciais à integração dos eixos trânsito/transporte da principal artéria de ligação interna de Duque de Caxias.
A duplicação atraiu maior fluxo no tráfego da frota particular e estimulou o aumento da velocidade média da avenida.  Os impactos deste novo perfil circulatório geraram acidentes e engarrafamentos nos bairros do Gramacho e Sarapúi, por exemplo, nos horários de pico. Este quadro é agravado por um erro: ao longo de 80%, dos 13 Kms da Kennedy,  não foram construídas baias (recuos) para a parada de ônibus no embarque e desembarque de passageiros.  Quando os ônibus param no período de pico formam uma fila de veículos atrás do primeiro coletivo, prejudicando a visibilidade de motoristas que usam seus cruzamentos, acentuando a retenção do trânsito, tornando nulos o principal objetivo da obra e dos investimentos que justificaram sua fracassada execução.  Sua arquitetura entrou pela contramão desprezando princípios elementares de engenharia de tráfego e de segurança de trânsito.  É um desastre para os pedestres.  Nas entradas e saídas dos bairros - Parque Muisa, Parque Fluminense, São Bento, P. São José - que margeam a avenida não foram previstas faixas com distâncias mínimas de aceleração ou desaceleração para dar tempo aos carros acessarem ou saírem daquela via em velocidade compatível com a praticada na Pres. Kennedy.  Os acidentes acontecem quase que diariamente. 
Uma decisão equivocada despejou milhões de reais dos cofres municipais em uma obra de estrita responsabilidade do estado.  Imposta de forma unilateral pelo chefe do executivo á época, que em 4 anos nunca fez 1 reunião sequer com seus secretários, aquela intervenção, fazia parte de um pacote de "obras estruturadoras" prontas e decididas por empreiteiros financiadores de campanhas eleitorais.  A duplicação da Av. Presidente Kennedy se transformou em um legado macabro para os moradores da cidade. Não foram previstos recursos para retirada dos postes da Light (a remoção deve ser paga á concessionária de energia por força de lei) que ficaram no meio da pista alargada. São obstáculos que junto com os buracos formam armadilhas fatais para os motoristas.
Estatísticas do Corpo de Bombeiros revelam aumento drástico de mortes em ocorrências de trânsito  a partir  do ínicio da obra.
É a duplicação da morte.
Irônico é ver o Japão reconstruído, depois de sofrer um terremoto, uma tsunami e um acidente nuclear de proporções catastróficas, ocorridos depois do inicio da duplicação em 2005, até hoje inacabada.
Japão: 6 dias!  Duque de Caxias 6 anos! por enquanto...
                                                                   
A Av. Presidente Kennedy é uma RJ, sua conservação, sinalização e fiscalização é atribuição exclusiva do governo do estado. À luz do código de trânsito brasileiro, até as multas aplicadas pela guarda municipal naquela via são nulas, uma vez que a competência municipal se limita às vias locais e a administração municipal não celebrou nenhum convênio que delegasse autoridade aos agentes de trânsito de nossa cidade sobre a via. Sem autoridade e sem obrigação legal de cuidar de sua operação, a prefeitura raramente interfere na manutenção da sinalização e do sistema semafórico.
Como é "de menor interesse estratégico do estado",  não fica difícil entender porque os motoristas estão abandonados à própria sorte.

Neste cenário o interesse público exige que o município  de Duque de Caxias apresente como solução ao governo do estado proposta de municipalização da Av. Presidente Kennedy, requerendo o aporte de recursos financeiros necessários á revisão do projeto de duplicação viária. Como parte complementar das correções, o estado teria obrigação de repassar dinheiro para a construção do viaduto do Gramacho sobre a linha férrea fazendo ligação com a avenida Pelotas no bairro Sarapuí e a rodovia Washington Luis, para evitar o caos que se anuncia para o centro do município.
A previsão é que a circulação saltará de 70 mil veículos/dia para 200 mil/dia desembocando nas subdimensionadas ruas do centro comercial de Duque de Caxias
Um caos difícil de administrar.

ABDUL HAIKAL - Diretor da empresa Gestão Energética (energia renovável) foi vereador constituinte (1988/1992), Subsecretario de Serviços Públicos(2005/2006) e Secretário de Transportes (2007/2008).

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