quarta-feira, agosto 25, 2021

O DESAFIO DE LER O CORÃO, LIVRO SAGRADO DOS MUÇULMANOS

 


O livro sagrado dos muçulmanos é repleto de metáforas e parábolas, como são a Torá judaica e a Bíblia cristã.  Todavia, por ser escrito na língua árabe, uma leitura literal das traduções para idiomas ocidentais não captura nem traduz para ocidente a essência filosófica de seus textos.  Islamofóbicos e grupos totalitários que se apropriaram de símbolos e textos do Corão para detrata-lo, o fazem, usando uma leitura rasa e violentada do Livro Sagrado Islâmico para fundamentar e impor suas teses.  

Na tradição islâmica o árabe é idioma sagrado usado por Deus para transmitir as recitações ao Profeta Mohammad.  Construir um diálogo com o conteúdo do livro sagrado islâmico exige um prévio aprendizado.  Ler o Corão não se resume a compreender sua linguagem a partir do conhecimento de léxicos e sintaxes.  É necessário examinar as estruturas que compõe seus textos e por ele são constituídos.  Sem uma preliminar imersão nos horizontes e expectativas que os versículos corânicos oferecem, o leitor pouco compreenderá de seu significado.

A leitura do Corão com entonação fonética rítmica, rimada, mística e poetizada na pronúncia das palavras, exprime muito além de simples composições gramaticais.  Em face às peculiaridade linguísticas do idioma árabe o significado das frases ganha uma dimensão transcendental que cala fundo no espírito do fiel.  Dentro dos padrões literários árabes, são dotadas de radiante beleza e conduzem à uma viagem de interiorização de seu próprio ser, do autoconhecimento e expansão da consciência. Rompem barreiras e estruturas íntimas dos indivíduos, levando-os a um estado de submissão à harmonia e paz interior.  A leitura e audição do Corão remetem a uma disciplina da alma, somente compreensível aos que leem a partir da psicologia e do subconsciente coletivo muçulmano. Antes de ler o Alcorão é preciso entrar na atmosfera espiritual de paz e pureza mental para incorporar suas mensagens.




A DIFÍCIL TAREFA DE TRADUZIR O CORÃO 


Muitos estudiosos islâmicos consideram raras as traduções precisas do Corão para outros idiomas. Etnólogos modernos corroboram esta afirmação por  considerarem que a formação e comunicação linguística dos povos não são restritos às letras e palavras.   A língua de uma nação é um espelho de seu caráter coletivo.  A estrutura linguística incorpora itens intangíveis em seu processo de comunicação moldado por sua cultura, história, costumes, gírias, corruptelas, religião e até mesmo por hábitos nascidos nas cidades e aldeias onde se vive.  A tradução do livro sagrado islâmico é um processo complexo e amplo e exige o conhecimento da língua árabe, da espiritualidade islâmica além de um perfeito domínio do idioma para o qual será traduzido.  É preciso ler linhas e entrelinhas e capturar significados abstratos para construir interpretações precisas. 


As línguas faladas, com todas as suas palavras, são entidades vivas que mudam de forma, de pronúncia e até de significado ao longo de sua história e de’ acordo com o povo que a usa.  Entretanto o Corão escrito e mantido no árabe clássico é considerado inimitável, infalível e inalterável.  Quem entende o árabe falado nas ruas de damasco, Beirute, Cairo ou Dubai não entenderá necessariamente o árabe clássico escrito no Livro Sagrado.  As traduções  do Corão para outras línguas são consideradas como linhas auxiliares  para sua compreensão mas não substituem o texto original.  O estilo e método do Corão são  únicos e sem paralelos: servem a seu propósito e missão e, para ser interpretado precisa estar livre de  estruturas e desenhos pré concebidos pela mente humana. 


O Corão cumpriu a missão de desenvolver uma nova consciência da realidade em um movimento social que fundou uma nova cultura civilizacional a partir do século VII.  Segundo a tradição o livro sagrado islâmico nasceu de um diálogo direto, ainda que mediado pelo arcanjo Gabriel, entre Deus e o homem - O Profeta Muhammad - e o significado de seu conteúdo emana uma atmosfera transcendental para o fiel islâmico.   Durante as orações e nas meditações, fiéis acompanhavam O Profeta e se envolviam pela palavra sagrada. Para eles era a experiência direta da presença divina, o contato mais íntimo com Deus sem intermediação. 


Aprenderam com O Profeta a correta recitação litúrgica (tartil) do Alcorão. Posteriormente estes discípulos tinham a tarefa de repassar os ensinamentos aos demais companheiros.  No início foi criado em Medina um centro de "memorizadores" (hafiz) do Alcorão.  Eles eram a memória viva da religião e tinham a função de transmitir pela oralidade o conteúdo das mensagens sagradas.   


Após a batalha de Yamama em 633 o califa Abu Bakr inicia a compilação do Corão dando formato ao árabe clássico e ao texto atual que permanece inalterado por mais de 1.400 anos. 


*Texto extraído de meu livro (ainda não publicado) Raízes do Islã.  

 


segunda-feira, agosto 16, 2021

CONHECENDO O AFEGANISTÃO: EUA E A UNIVERSALIZAÇÃO DO TERROR GLOBAL

A primeira vez que ouvi falar do Afeganistão tinha uns dez anos de idade. Foi em meados da década de 1970, desfolhando uma revista em quadrinhos do Tio Patinhas o velho, milionário e simpático pato da Walt Disney. O símbolo do amor incondicional por dinheiro, usando cartola, casaco vermelho e sapatilhas azuis sobre as penas brancas (as cores da bandeira dos EUA), viajara para Kandahar no longínquo e exótico país em busca de riquezas. Na época, quando li a revista em quadrinhos, morava em Porto Alegre, onde vivi parte de minha adolescência e para onde havíamos mudado em 1964 depois que meu pai fora exilado da Síria. 

Voltei ao Brasil, meu país de nascimento, nos primeiros meses de regime militar instalado por um golpe de estado, planejado e apoiado pelos Estados Unidos contra um regime democrático eleito pelo voto popular [ Phyllis R. Parker: “ U. S. Prior To The Brazilian Coup of 1964- LBJ School of Public Affairs Library, University of Texas, austin, Texas].  No número 575 da rua Alberto Silva não havia televisão em casa (era coisa de gente rica) e todos íamos à tarde para a casa do vizinho assistir os seriados que repetiam sempre os mesmos filmes. Enquanto o gigantesco herói japonês “Nacional Kid” lutava contra invasores vindos do espaço sideral para defender o planeta terra, as séries dos EUA, como “o Forte Apache”, com os valentes soldados dos EUA em seus uniformes azuis, montados em belos cavalos, espada em riste liderados por John Wayne dizimavam os “vilões” índios apaches, cheyennes e sioux.    Em Porto Alegre, criança, aprendia que nossos vizinhos do norte tinham o legítimo direito de matar populações nativas para cumprirem, o “destino manifesto” de expandir a colonização e “civilizar” todo continente "em nome de Deus". 

Cresci acreditando que os índios eram os “malvados”, um povo estranho e perigoso porque reverenciava os elementos da natureza como coisas sagradas, onde tiravam o sustento de suas tribos e extraíam o nome de seus filhos.  “Touro Sentado”, “Olhos de Lince”, “Cavalo Louco”, “Vento Uivante” ou "Agua Limpa" eram nomes que os "selvagens" davam aos seus descendentes para homenagear a natureza e que me intrigavam.   Demorei a entender o valor sacro que aquelas nações davam às coisas da natureza. Apesar de viverem há milênios nas terras livres da América, antes da chegada dos Britânicos e Franceses, eles eram os “estranhos”.  Admirava o heroísmo dos soldados em todas vezes que assistia um filme exibindo a cavalaria dos EUA invadindo o acampamento de uma tribo para massacrar seus habitantes. Em casa, no silêncio de meu quarto e longe da TV do vizinho, viajava pelo mundo mágico e colorido daquelas revistas em quadrinhos. Suas folhas descortinavam, para mim um universo encantado cheio de heróis, vilões, monstros, animais e florestas. Os “Super Heróis Shell” impressos em revista e veiculados na série de TV eram patrocinados pela companhia petrolífera Shell que nos brindava com o Homem de Ferro, Capitão América, Thor, Hulk, The Flash e Aquaman.  Me perguntava porque não nasci nos EUA? Afinal os heróis só nascem lá. Nos gibis colecionava os heróis da Marvel e da DC reunindo o Homem Aranha, Mulher Maravilha e Super homem todos com roupas azuis, brancas e vermelhas, cores da bandeira dos EUA. No máximo o que li sobre revistas em quadrinhos nacionais foi “Jeca Tatú”, pobre, engraçado, ridicularizado e brasileiro. Criança, sonhava em ser um herói norte americano, ao mesmo tempo que olhando para nossos heróis brasileiros desenvolvia o que o escritor e dramaturgo brasileiro viria a definir como “complexo de vira-latas”. Quando já perdera o interesses pelos gibis é que finalmente foi lançado um herói carioca. Era o Zé Carioca, um papagaio cheio de malandragem que não gostava de trabalhar. Enquanto lia os “Super Heróis Shell” meu pai ouvia pelo rádio notícias vindas do outro lado do mundo no noticiário “Repórter Esso”. A vinheta do programa noticioso fazia todos paralisarem suas atividades para ouvirem com atenção as notícias, como se fossem verdades bíblicas. 

Anos mais tarde soube que o “Repórter Esso” era um noticiário enlatado e disseminado para toda América Latina, produzido e financiado pela maior companhia de petróleo do mundo na época: a Standard Oil da família Rockefeller.   As companhias de petróleo patrocinavam revistas, jornais, programas de TV e rádio com temas e conteúdos que ficariam para sempre na minha cabeça de criança, enquanto produziam e editavam as notícias que os adultos, incluindo meu pai, ouvia pela rádio. Caminhava pelas ruas da Vila Ipiranga para visitar a casa dos amiguinhos levando 30 a 40 gibis debaixo do braço, para trocá-los por outros exemplares que não havia lido. Gostava do Tio Patinhas. 

Não lembro o que, de fato, ele encontrou naquele país de maioria islâmica. Mas o nome da cidade Kandahar ficou gravado na memória e mais tarde, adulto, soube que com Cabul e Herat era uma das três principais cidades daquele país. O Afeganistão ao lado do Turcomenistão, Azerbaijão e o Cazaquistão representavam, para mim, a mais autêntica expressão de “lugar remoto da terra”, de um mundo mais distante que a terra dos alienígenas enfrentados por Nacional Kid. 

Já adulto, pesquisador, autodidata e convivendo com diferentes etnias islâmicas entendi que o Afeganistão era, de fato, outro mundo, mas, por diferentes razões. Até 1893, antes do Império Britânico traçar linhas divisórias territoriais com a Índia (no território do atual Paquistão, criado em 1947, depois de se emancipar da Índia), o país não conhecia nem reconhecia limites fronteiriços. Esse cenário era comum em sociedades tribais. Não era organizado de acordo com os princípios da Teoria Geral do Estado que estabelece um padrão central de sistemas jurídicos e sociais intrinsecamente ligadas à um espaço territorial como conhecemos hoje nos mapas dos livros de geografia. Com mais de 90% de seus habitantes praticantes do islamismo sempre foram regidos por uma mistura de códigos tribais milenares e princípios islâmicos. Não eram subordinados a um poder burocrático estatal centralizado e cada tribo seguia suas próprias regras e tradições. A diversidade tribal e étnica vive nos mesmos territórios. O líder pashto Dost Mohammad (1793-1863) da tribo Barakzai havia unificado e liderado o Afeganistão por mais de três décadas (1826 – 1839 e 1842 – 1863) costurando consensos entre os chefes tribais para implantar a dinastia Barakzai. 

Dost liderou a defesa de seu povo na primeira guerra contra os invasores britânicos em (1839/1842), maior conflito do século XIX, que tinha como pano de fundo uma competição pelo poder e influência entre os impérios britânico e russo na Ásia Central. Antes de serem enredados pelo jogo do poder imperial colonialista, os afegãos viviam outro modelo de civilização, outras culturas, hábitos, tradições e conhecimentos engendrados pela simbiose de várias etnias com a natureza e seus fenômenos. Até meados do século XVIII a tradição tribal não entendia a idéia soberba do homem assumir a posse sobre um território que é parte integrante do grande cosmo. Não existia o conceito de posse sobre a terra, rios, estrelas, sol ou da lua. Como os homens poderiam ser donos da extensão divina? No máximo os territórios eram uma generosa concessão de Deus onde os clãs ou tribos extraíam artesanalmente os recursos para sua sobrevivência. 

CULTURA DO  COLETIVO

Cada tribo podia ser identificada de longe apontando o dedo para as montanhas, montes ou planícies onde viviam. Todas aldeias desenvolveram uma economia independente e autossuficiente. Edificaram casas em regime de mutirão, construíram seus próprios sistemas de irrigação, praticam a agricultura, o pastoreio de rebanhos de cabras, ovelhas e camelos. A segurança das aldeias era feita pelos seus próprios habitantes que cultivavam a bravura, honra e a dignidade como símbolos de nobreza. Era um território místico de complexas e misteriosas crenças, provenientes de várias partes da Ásia Central, amalgamadas naquele lugar chamado “coração” pelos árabes, que ali chegaram no século VIII, por causa da capilaridade que tinha com toda região. Com pouco mais de 652 quilômetros quadrados o Afeganistão está situado entre as estepes e é o centro geográfico dos países da Ásia Central. Três quartos do seu território são constituídos por montanhas, e o resto formam uma pradaria desértica no sul e no sudoeste, enquanto a norte é possível encontrar vales de origem fluvial. Esta região é muito acidentada e deu origem à várias etnias onde se fala mais de 70 dialetos diferentes sendo que 90% falam pashto a língua oficial e o dari. Sua localização geográfica a transformou em uma zona de transição com imenso fluxo e passagem por seu território de diversos povos na antiguidade. Era um grande corredor onde encontraram-se muitas culturas e religiões sendo as maiores o islamismo, hinduísmo e o budismo. No passado o Afeganistão foi caminho importante da Rota da Seda e hoje faz fronteira com o Uzbequistão, Turcomenistão, Tadjiquistão, Irã, Paquistão e China. Ao longo de sua história o país foi alvo de várias invasões de diferentes povos. Possui inúmeras montanhas e trilhas percebidas como santuários naturais que fomentaram a criação e proliferação de inúmeras tradições religiosas e esotéricas contribuindo para o desenvolvimento de sincretismos religiosos. Ali está a montanha inspiradora da corrente mística islâmica conhecida como sufismo. Para os reis antigos, o Afeganistão era o centro do mundo, pelo intenso fluxo de informações que cruzavam aquele território. 

Suas características tribais milenares sofreram grandes transformações pela intervenção ocidental no século XIX. Cegos às sutilezas do equilíbrio étnico não territorialista, traçaram fronteiras a régua e esquadro de acordo com os interesses geopolíticos europeus. Seguindo o padrão colonialista, como foi em outras regiões do mundo, linhas artificiais desenhadas por interesses geopolíticos foram impostas aos povos ali existentes criando tensões e acirrando as divisões étnicas que dificultaram o desenvolvimento de uma identidade nacional afegã. No que ficou conhecido como “Grande Jogo”, que marcou as rivalidades entre o Império Britânico e o Império Russo pela supremacia na Ásia Central no século XVIII, foram firmados tratados entre estas duas potências delimitando o predomínio de cada uma delas. O Afeganistão, grande centro de atividades de exploração, espionagem e diplomacia durante a disputa foi transformado em personagem regional importante e “estado tampão” entre os dois impérios. Serviu como “zona neutra” estabelecendo os limites das disputas e conquistando uma relativa neutralidade até meados do século XX. Os laços e alianças tribais e étnicas continuam e muitas vezes sobrepõe-se ao poder central imposto pelos interesses geopolíticos e econômicos Ocidentais que dominaram esta região. 

GRUPOS ÉTNICOS AFEGÃOS 

Mais de 90% do mosaico populacional do Afeganistão muçulmano é composto atualmente, por mais de uma dezena de grupos étnicos.   Os Pashtun, islâmicos do ramo sunita, formam maioria com pouco mais de 40% da população, além dos Tadjiques, Hazaras e Uzbeques compondo os grupos mais importantes. Os Pashtun desempenharam nestes últimos dois séculos o protagonismo político em todo o Afeganistão e também no vizinho Paquistão, em particular na região da fronteira noroeste, revelando que alí a cultura tribal ainda se sobrepõe a autoridade do estado moderno criado pelo Ocidente. São na sua maioria proprietários rurais herdeiros de tradições na agricultura, atividade principal do país, além de hábeis comerciantes operando na região fronteiriça com o Paquistão.  Cultivam modos de sobrevivência baseados na produção agrícola e na criação animal e resistem a “modernização da economia” proposta pelos EUA que após a invasão de 2001 planejaram extrair minerais estratégicos como ferro, cobre, cobalto, ouro e lithium [ New York Times, U.S. Identifies Vast Mineral Riches in Afghanistan – NYTimes.com, 14 de Junho de 2010]. Em Junho de 2010 um relatório conjunto do Pentágono, da US Geological Survey (USGS) e USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) revelou que as jazidas minerais encontradas no Afeganistão são indispensáveis para o complexo industrial Ocidental. O relatório afirmava que o país tinha o potencial de se transformar um dos maiores centros mundiais de mineração com lucros estimados em 1 trilhão de dólares para as corporações econômicas euro-americanas. Entretanto, onde os EUA enxergam “modernização”, as populações islâmicas afegãs enxergam a violação da terra, das montanhas e do meio ambiente natural, de valor transcendental na crença islâmica e tribal. A modernização nos moldes dos interesses Ocidentais, que conta com a cooperação das elites locais, chega como ameaça aos meios de subsistência do povo e à fonte de sua espiritualidade alimentada pelos mistérios das grandes cordilheiras e das estepes afegãs. O povo afegão, com forte tradição em transmissão oral da história feitas em conversações nos centros da aldeias, onde os mais jovens ouvem atentamente os mais velhos, não esqueceu alguns fantasmas do passado que levaram pânico a toda Ásia Central. Um deles aconteceu em dezembro de 1984 na cidade de Bhopal na vizinha Índia. Um vazamento de gás isocianato de metila foi o mais grave acidente industrial do século. Nas primeiras 72 horas, mais de 8 mil pessoas morreram. Outros milhares morreram nos meses seguintes. As imagens de milhares de gatos, cães, vacas e aves espalhados pelas ruas da cidade correram o mundo. A notícia do vazamento na fábrica americana Union Carbide, hoje pertencente à mega corporação multinacional dos EUA The Dow Chemical Company ( integrante do Council On Foreign Relations - CFR- ), chegava no Afeganistão como histórias de terror contadas nas noites enluaradas, trazidas pelas vozes dos viajantes. Neste período o Afeganistão era sacudido pela invasão soviética e as aldeias afegãs começavam a experimentar a comunicação pelo rádio, jornal e algumas televisões. Mal haviam esquecido as tenebrosas histórias do vazamento industrial (inimigo que a bravura e honra dos guerreiros afegãos não conseguem enfrentar no campo de batalha) na Índia, dois anos depois, em 1986 um acidente na usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, antiga União Soviética, provocou a explosão do reator nuclear, lançando na atmosfera grande volume de radiação. No calor da disputa da guerra fria a imprensa ocidental espalhou um terror planetário divulgando informações sobre milhares de pessoas mortas pela explosão, por doenças relacionadas com o acidente e que os ventos haviam levado a radiação para toda Ásia Central. Nutrindo solene respeito pela natureza, um dogma islâmico enraizado no etos tribal afegão, é razoável supor que a “modernização” e seu aparato degradador do meio ambiente provoquem mais um ponto de tensão entre os interesses econômicos Ocidentais e parte das tradições islâmicas. 

Em 2017 o Afeganistão tinha 35 milhões de habitantes e hoje não passam de 33 milhões.  Aproximadamente 75% da população vive nas áreas rurais produzindo trigo, arroz, cevada, uva, milho e batata representando 31% e junto com o setor de serviços (43%) representam 74% do PIB nacional. Além disso seus principais rebanhos são de ovelhas, cabritos e camelos. Kandahar, terceira maior cidade do país é um grande centro de comercialização de ovinos, lã, algodão, seda, grãos, frutas frescas e secas, assim como tabaco. No entanto, a maior receita por produto agrícola provém da chamada “economia paralela”: ópio e haxixe.   O Afeganistão é o maior produtor mundial de ópio e haxixe do mundo. 

ÓPIO: ARMA ESTRATÉGICA DOS EUA NO AFEGANISTÃO 

Até 2007 92% dos não farmacêuticos opiáceos no mercado mundial teve origem no Afeganistão gerando uma receita de US$ 4 bilhões para os produtores [UNITED NATIONS Office on Drugs and Crime. «Afghanistan Opium Survey 2007» (PDF)]. Os altos lucros com o tráfico do ópio, que começaram a ser controlados em algumas regiões do país pela CIA a partir de 1980, geram uma receita bilionária fora do controle do congresso americano. Estes recursos foram usados para financiar a insurgência contra a invasão soviética, depois comprar a ascensão de governos fantoches afegãos pró-americanos e grupos extremistas que praticam atos terroristas dentro e fora do país, após a invasão dos Estados Unidos em 2001. Enquanto financiavam a luta antissoviética em território afegão a CIA usava sua superestrutura de comunicações e informação para incrementar a produção e o comércio de drogas e narcóticos parte atendendo a indústria farmacêutica e parte irrigando o tráfico internacional de heroína. Para o economista Michel Chossudovsky, antes de descobrirem as valiosas riquezas minerais a partir de 2001, os EUA tinham como pedra fundamental econômica escondida por trás da guerra antissoviética o domínio da exploração e comercialização do ópio, que hoje movimenta mais de US$ 200 bilhões no mundo. Professor emérito da Universidade de Ottawa e de várias universidades da Europa, Ásia, América Latina, colaborador da Enciclopédia Britânica e do Le Monde Diplomatique, Chossudovsky possui um currículo acadêmico e profissional invejável e respeitado no mundo.  Consultor de vários países e membro de diversos organismos internacionais, quando revela o uso do narcotráfico por parte do governo dos Estados Unidos no Afeganistão para alcançar seus objetivos geopolíticos, tem seu currículo e sua própria história a favor da credibilidade de seus textos. 

GUERRAS DO ÓPIO 

Os EUA não foram os primeiros a fazerem uma guerra em que o ópio fosse um dos objetivos de suas conquistas. A Grã Bretanha, já havia gasto dinheiro dos contribuintes britânicos financiando uma guerra para garantir a sobrevivência do tráfico de drogas para a China. Ficou conhecida como a “Guerra do òpio” (a primeira guerra 1839/1842; a segunda 1856/1860). Durante o vigoroso período do colonialismo britânico, os ingleses passaram a controlar produção, exportação e transporte marítimo do ópio cultivado ao longo da fronteira entre a antiga fronteira do Afeganistão e da Índia para vendê-lo na China e outros países. Atendiam interesses de latifundiários britânicos nas colônias que cultivavam a papoula, planta que produz o ópio, ao mesmo tempo em que viciavam milhões de chineses tornando apática a resistência do povo contra o domínio britânico. A receita milionária pelo tráfico de ópio e heroína apoiado pelo império britânico deu origem a um dos maiores símbolos do sistema financeiro inglês em 1865: O Hong Kong & Shanghai Banking Corporations, mais conhecido nos dias atuais como HSBC, um dos principais bancos do sistema financeiro internacional. Este banco é personagem de um dos maiores escândalos financeiros do século XXI. Mas aí já é outra história. Por mais de dois milênios o Afeganistão foi encruzilhada e ponto de encontro da cultura de diversas nações, oferecendo um legado cultural planetário impagável para a humanidade. A partir da chegada das forças armadas dos Estados Unidos, aquele país islâmico se transformou na grande encruzilhada mundial da violência e do narcotráfico. De acordo com relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC) a partir da invasão do Afeganistão pelos EUA em 2001 a produção de ópio cresceu alcançando a maior produção de ópio e haxixe de toda sua história. Dezenas de corporações econômicas multinacionais, filiadas ao Council On Foreign Relations, como a Johnson & Johnson, Mallinckrodt, Pfizer, Merck, Novartis, Roche, Bayer, e outras dezenas de mega corporações do setor farmacêutico dependem do ópio para produção de drogas lícitas. Estas corporações são poderosas: 61 empresas espalhadas em mais de 100 países com receita total combinadas de US$ 39 trilhões e lucros anuais de US$ 3 trilhões. Seus ativos somados chegam a US$ 162 trilhões[Forbes 29 de Julho/2015]. Parte substancial deste poder econômico planetário do setor farmacêutico vem de substâncias como o laudano, codeína, morfina, meperidina e metadona, medicamentos extraídos do ópio. O outro grande derivado do ópio estimulado, protegido e ampliado pela presença militar norte-americana e da OTAN no Afeganistão é a heroína que abastece o mercado internacional e particularmente o mercado dos EUA. A heroína proporciona aos seus consumidores uma sensação de bem-estar, porque sua estrutura química é semelhante a das endorfinas, substâncias do organismo humano que provocam sensação de prazer. A partir da chegada dos EUA em 2001 também ocorreu um fenômeno novo no Afeganistão: o aumento vertiginoso de viciados locais que antes produziam mais não consumiam. Drogados, entorpecidos e zumbizados os viciados não oferecem resistência contra a ocupação estrangeira em seu território. Talvez esta não seja a única explicação para a tragédia que se abateu sobre aquele povo de tradições tribais. Embora os fatos deem respostas evidentes a ONU, que tem nos EUA seu maior contribuinte financeiro individual, continua perguntando porque o governo central de Kabul não foi capaz de impor a proibição do cultivo de ópio tão eficazmente aplicada nos anos de 2000/2001 durante o regime Talibã? O leitor seria capaz de chegar à uma conclusão lógica? A produção de ópio penetrou profundamente na estrutura política, na sociedade civil e na economia do Afeganistão. Primeiramente atendendo a política de exportação da Grã Bretanha no século XVIII e atualmente como instrumento de financiamento de governos fantoches e grupos insurgentes. Após décadas de conflitos civis e militares, onde os interesses ocidentais sempre estiveram no centro das decisões políticas daquela nação, a população rural mais pobre, agricultores, trabalhadores sem-terra, pequenos comerciantes, mulheres e crianças se viram acorrentados á produção do ópio. Uma sociedade inteira ficou aprisionada, a mercê das corporações econômicas estrangeiras, sindicatos do crime internacional e das estratégias da CIA e da NSA eminências pardas de todos os governos que por lá passaram depois da invasão norte-americana, incluindo o início do governo Talibã empossado e posteriormente destituído pelos Estados Unidos. Até 2001 a produção de ópio havia sido reduzida pelo governo Talibã em 94% chegando a produzir ínfimas 185 toneladas. Após a destituição dos Talibãs o aumento na produção bateu recordes históricos e, em 2006 já havia produzido 6.100 toneladas, um aumento 33 vezes maior. Os sindicatos do crime internacional continuam a dominar várias áreas no sul, norte e leste do país. Estes sindicatos organizaram as tribos que formaram a “Aliança do Norte” financiados pelos multimilionários latifundiários do norte do país, donos das maiores plantações de papoula. Uma coalizão liderada pelos EUA, Aliança do Norte, França e Inglaterra, contrariando decisão da ONU, derrubou o governo do Talibã e colocou em seu lugar o boêmio Hamid Karzai, que segundo a então Secretaria de Estado Americano Hillary Clinton do governo Obama, inaugurou um “narco-estado”[Dexter Filkins- New York Times - 7 de Fevereiro de 2009-]. Um relatório da ONU diz que o apoio das tropas norte-americanas à economia do ópio está diretamente relacionado ao aumento do consumo e da dependência de heroína nos Estados Unidos de 2001 a 2006. Michel Chossudovsky revelou que os lucros deste contrabando multibilionário são depositados em bancos ocidentais e quase a totalidade das receitas são destinadas a interesses corporativos, como a indústria farmacêutica, o crime organizado, agências de inteligência, instituições financeiras ocidentais e sindicatos criminosos fora do Afeganistão [UNODC- A Economia do Ópio no Afeganistão]- O lucro total do comércio de heroína chega a mais de 190 bilhões de dólares [http://www.unodc.org/pdf/publications/afg_opium_economy_www.pdf , Viena, 2003, p. 7-8].   A Organização das Nações Unidas estima que o volume total de negócios com narcóticos movimenta entre US$ 400 bilhões a US$ 500 bilhões por ano. [Douglas Keh, Drug Money in a Changing World, documento técnico n ° 4, 1998, Viena, UNDCP, p. 4. Veja também Programa de Controle de Drogas das Nações Unidas, Relatório do Comitê Internacional de Controle de Narcóticos para 1999, E / INCB / 1999 / 1 Nações Unidas, Viena, 1999, p. 49-51, e Richard Lapper, ONU teme o crescimento do comércio de heroína, Financial Times, 24 de fevereiro de 2000]. Com base em números de 2003, o tráfico de drogas constitui “o terceiro maior produto global em termos de dinheiro depois do petróleo e do comércio de armas”[The Independent, 29 de fevereiro de 2004]. O Afeganistão e a Colômbia fortemente apoiados pelos EUA (além da Bolívia e o Peru divergentes dos EUA) constituem as maiores economias produtoras de drogas do mundo, que alimentam uma florescente economia criminosa. Esses países são fortemente militarizados. O tráfico de drogas é protegido. Fatos amplamente documentados, mas oficialmente negados, revelam que a CIA desempenhou um papel central no desenvolvimento dos triângulos das drogas na América Latina e na Ásia.

DO MEU LIVRO RAIZES DO ISLÃ (Não publicado)

sexta-feira, maio 07, 2021

VEREADOR: ENTRE UM PROJETO DE PODER OU UM PROJETO COLETIVO. Ao tomar posse, o vereador enfrenta o primeiro dilema: usar o mandato para criar um projeto de poder, ou seja pensar e atuar para garantir sua reeleição desde o 1° dia do exercicio do mandato, ou, por um projeto coletivo usar o mandato a serviço do interesse do conjunto da cidade. Na maioria das vezes são duas coisas opostas e antagônicas. Mais de 90% dos vereadores fazem a opção pelo projeto de poder cujas dinâmicas alimentam a corrupção sistêmica entranhada no sistema político, administrativo e eleitoral brasileiro. Quem opta por um projeto de poder aceita as regras de um jogo marcado pela falta de limites éticos onde vale tudo menos perder a eleição. Neste jogo tanto a “esquerda” como a “direita” transformam discursos e retóricas moralistas e ideológicas em exercicio cínico e cênico de hipocrisia. A mentira, os truques e a enganação induzem eleitores incautos e desinformados a acreditarem que “o vereador asfaltou a rua”, “reformou a escola”, o posto de saúde ou a praça. Ao optar por um projeto de poder o vereador trabalha para criar guetos eleitorais que em um passado recente eram chamados pelos políticos de “currais eleitorais”. Assim, entre votar contra uma mensagem que reduz investimentos públicos na saúde ou educação (prejudicando dezenas de milhares de pessoas de toda cidade), e, por exemplo, ter permissão do prefeito para subir no palanque durante a inauguração de uma rua asfaltada em seu bairro o vereador prefere posar ao lado do prefeito ostentando um documento sem efeitos legais chamado “indicação” para induzir o eleitor a acreditar que é de sua autoria uma obra exclusiva do poder executivo. Ao fazer isso o vereador corrompe as atribuições de um dos três poderes da república que é o poder legislativo. Isto porque, como não existe almoço grátis, o vereador, que tem as obrigações constitucionais de fiscalizar a execução do orçamento e fazer as leis, acaba se subordinando ao poder executivo. COMO SE ORGANIZA A ADMINISTRAÇÃO DA CIDADE? A República brasileira foi construída com a separação de poderes pensada por Montesquieu depois do fim das monarquias absolutistas. Seguindo este princípio a Constituição Federal do Brasil determina que a administração pública brasileira é regida por três Poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, que são independentes e harmônicos com funções e atribuições distintas. OS MUNICÍPIOS Os municípios são administrados por 2 poderes distintos com competências e atribuições diferentes cujos membros são eleitos pelo povo. O prefeito, chefe do executivo, é eleito para recolher o dinheiro dos impostos e fazer obras e o vereador é eleito para FISCALIZAR, conferindo se o dinheiro gasto, a qualidade dos produtos, materiais, equipamentos e serviços correspondem aos preços contratados e cuidando para que o dinheiro não seja desviado pelos secretários e pelo prefeito. Os escândalos de roubo de merenda das crianças nas escolas públicas, da falta de equipamentos de proteção (EPI) nos hospitais, que matam médicos, enfermeiros e técnicos que lutam na linha de frente da covid-19 e a tragédia de mais de 400 mil mortos pelo vírus só ocorreram porque milhares de vereadores pelo Brasil afora vereadores fecharam os olhos e permitiram desvios em troca de vantagens eleitoreiras. Os vereadores ajudam a matar as vítimas do COVID-19 em suas cidades ao se omitirem, sentando no colo dos prefeitos, deixam de cumprir suas. Os vereadores são fiscais escolhidos pelo povo. Quando eles anunciam seus nomes em faixas penduradas nas obras da prefeitura, demonstram indícios de que estão prevaricando de suas funções. Para comprovar que estão se corrompendo é necessário que o eleitor confira seus posicionamentos nas votações das sessões na Câmara municipal. Além das benesses eleitoreiras recebem dinheiro para pagar seus cabos eleitorais e cargos para seus familiares. Mas a raiz, muitas vezes involuntária, desta corrupção sistêmica está no ELEITOR que por desconhecer as verdadeiras funções de um vereador exige dele coisas que são atribuições exclusivas do prefeito. Isso quando não pede dinheiro, caminhão de barro, jogos de camisa de futebol, patrocínio de churrascos, empregos e favores pessoas de todo tipo. Esta cultura política alicerça a corrupção sistêmica nas cidades que se caracteriza pela utilização do mandato eletivo em benefício de reduzido grupo de pessoas no projeto de poder para atender guetos eleitorais em detrimento dos interesses do conjunto da sociedade. Na década passada esta corrupção sistêmica ganhou dimensão e poder eleitoral nos famigerados “centros sociais”. Ofereciam remédios, fisioterapia, exames clínicos,etc,etc. Eles foram responsáveis por crimes eleitorais, desvios de remédios das unidades públicas de saúde, desvio de pessoal, de equipamentos e toda sorte de crimes contra a administração pública. Em troca, os mandatos serviram para promover o desmonte de políticas públicas na área de transporte, educação e saúde, aprovando a terceirização dos serviços públicos. Deram aumentos nos preços das passagens de ônibus, entregam milhões do dinheiro dos nossos impostos para empresas privadas. O resultado disso se traduziu, na sua forma mais dramática, na morte de milhares de pessoas antes e durante a pandemia. Apesar do câncer “centros sociais” ter sido proibido há anos, os efeitos nocivos de suas práticas, que eternizam a “gratidão” de alguns eleitores até os dias de hoje, dão sustentação eleitoral para a corrupção dos princípios institucionais. Como a população não acompanha as despesas o vereador negocia nos bastidores ocultos do poder a autorização para gastos milionários dos quais o “asfalto da rua” não representa 1% das despesas. O vereador passa um “cheque em branco” para o prefeito, em troca das migalhas que vão garantir a satisfação de seu eleitor, seu projeto pessoal de poder e sua reeleição. Incapaz de analisar e hierarquizar a relevância de suas necessidades, o eleitor festeja a inauguração de uma praça ou o asfaltamento de uma rua e, depois que terminam os discursos, a banda de música vai embora, os vizinhos desfazem o bolinho de conversa na “rua nova” ou na “praça bonita”, se recolhem cheios de alegria. Mas quando entram em casa se deparam com a solidão de sua realidade, sem fogos de artifício,vivem a falta de renda, de um programa de saúde, de educação de qualidade para seus filhos, e muitas vezes da falta de alimento na sua mesa, sem se dar conta de que abriram mão de tudo isso em troca do asfalto na rua. Para subir no palanque do prefeito no dia da inauguração o vereador permitiu que milhões de reais do dinheiro público fossem desviados. Dinheiro que poderia ser investido para salvar vidas, gerar renda e combater a fome. O vereador, pressionado pelo imediatismo de seu eleitor abre mão de suas obrigações se submete aos caprichos do prefeito que passa a legislar sobre conselhos municipais, aquisição de empréstimos e contratos milionários suspeitos, criação de cargos, criação de cabides de empregos, o estatuto dos funcionários públicos, das leis dos Planos Diretores, bem como de outras matérias previstas pela Lei Orgânica do Município. Todas as atribuições do poder legislativo. Então para garantir sua eleição e de seu grupo de vereadores o prefeito compromete o dinheiro de nossos impostos com empreiteiras, fornecedores ou prestadores de serviços que, depois da posse, se apropriam do orçamento da prefeitura. Em troca dos favores do prefeito que domina o poder legislativo ordena que os vereadores a legislarem em favor dos poderosos. Use a internet para confirmar as afirmações deste artigo.

segunda-feira, dezembro 09, 2013

Duque de Caxias: Preconceito, Poluição, Crime, Omissão e impunidade?

Se a Comissão Nacional da Verdade, que investiga a violação de direitos humanos no país durante a ditadura militar, apurasse, também, crimes do arbítrio contra interesses coletivos, certamente  nosso município figuraria como vítima dos  maiores crimes ambientais do século. A começar pelo o lixão de Jardim Gramacho

Identificar e revelar nomes dos responsáveis, por exemplo, pela mais emblemática degradação ambiental da América Latina, o lixão do Jardim Gramacho, seria serviço de grande valia para os duque-caxienses.   Da noite para o dia uma das mais belas paisagens da Baía da Guanabara, de riquíssima biodiversidade, área de preservação permanente, coberta de manguezais, protegida pelo Código Florestal Brasileiro e constitucionalmente intocável, foi escolhida para ser o maior vazadouro de lixo do hemisfério sul.

O lixão, violou a dignidade e o orgulho de milhares de duque caxienses, torturados até os dias de hoje, pelo gigantesco passivo ambiental que deixaram.  Sua atividade impulsionou o surgimento de aproximados outros 200 "lixãozinhos" irregulares, contribuindo para o crescimento de vetores de doenças transmissíveis como ratos, moscas, baratas além da contaminação do solo e do lençol freático.

Por mais de 30 anos trafegaram pela Av. Monte Castelo uma média de 250 carretas da COMLURB e de outras empresas, deixando escapar de suas carrocerias, ao longo da via, o chorume, líquido altamente tóxico que misturado à poeira, em dias de sol intenso, contaminava os pulmões de crianças quando viviam e brincavam nas ruas daquele bairro, dono dos maiores índices de doenças infecto-contagiosas e respiratórias da região. A intensa circulação de veículos pesados causou trepidações e rachaduras em casas e imóveis comerciais além de ter provocado um trágico saldo de mortes por atropelamentos.

A operação do lixão, que só recebeu tratamento adequado - como aterro sanitário - a partir de 1993, em sinergia com o alto nível de emissão de poluentes do pólo químico e petrolífero da REDUC criou um quadro perverso de degradação da qualidade do ar, contaminação do solo e dos nossos recursos hídricos. O resultado são as consequências extremamente prejudiciais ao meio ambiente e à saúde dos moradores de Duque de Caxias.

Atividades de interesses estratégico para o estado que representam ameaça ou riscos para a qualidade de vida ou para a segurança da "elite carioca" tem sido implantadas em nosso território ao longo da história.

Esta visão segregadora de planejamento urbano, herança cultural nascida no período do Brasil império escravagista, dominado pela empáfia da corte palaciana do século XVIII, se mantém viva nos dias de hoje em relação à periferia.  Foi inaugurada em 1831 com a mudança da Real fábrica de Pólvora, sediada no Jardim Botânico, para a Baixada Fluminense (Raiz da Serra).  Entre tantas outras instalações, viraram simbolo de poluição a fábrica de inseticida HCH (PÓ DE BROCA ) na Cidade dos Meninos , o LIXÃO no Jardim Gramacho e a REDUC em Campos Elísios.  

Porque estas atividades não foram instaladas em Copacabana, Ipanema ou Leblon?

Só argumentos fundamentos no preconceito e no complexo de inferioridade são capazes de esboçar uma resposta que justifique estas decisões.  Atividades insalubres e degradadoras  tiveram sua localização decidida pelo olhar estreito da "nobreza carioca", e contaram com a submissão da elite politica de Duque de Caxias governada à época por interventores, já que possuía "status" de área de segurança nacional.  .

A última marca deste conceito de planejamento estatal, empurrar para nossa cidade tudo que incomoda a cidade maravilhosa, são as UPP's que transferiram a bandidagem dos morros do Rio de Janeiro para a Baixada Fluminense.

O legado que nos deixaram é avassalador.

O Mapa de Vulnerabilidade da População às Mudanças Climáticas, montado pela FIOCRUZ em 2011, registrou Duque de Caxias, como a mais vulnerável do estado e uma das cidades de pior qualidade do ar do Brasil.   As estações de monitoramento do ar localizadas nos bairros de Jardim Primavera, Pilar, São Bento e Campos Elísios registram sistemáticas violações da legislação, que estabelece, por exemplo, presença máxima tolerável de ozônio ("ozônio ruim" formado a partir da emissão de outros gases e reação com a luz solar) é de 160 microgramas por m³.    Estes limites foram violados, na média, 160 vezes com emissões que chegaram a 520 microgramas por m³.

São emissões criminosas que afetam a saúde e a qualidade de vida dos moradores de Duque de Caxias.
Estudo de 2006 apontou que 1/4 das crianças do município com idade entre 01 e 09 anos foi internada ou diagnosticada com doenças respiratórias - renites,sinusites,asmas bronquites, -  Variadas pesquisas atestam uma relação direta destas doenças com a poluição do ar por gases como o enxofre e vários hidrocarbonetos.


Uma nova legislação ambiental consagrada pela Constituição Federal 1988 e legislação posterior estabeleceu a obrigação das empresas poluidoras em arcar com os custos da reparação pelos danos causados à saúde pública e ao meio ambiente (CF. art. 225).
  
A REDUC reconheceu a assumiu responsabilidade pelos altos níveis de degradação ambiental em nosso território, quando assinou um TAC no valor de R$ 1 bilhão e 89 milhões.

O TAC (Termo de Ajuste de Conduta) é o mecanismo jurídico administrativo, civil ou penal pelo qual o protagonista de atividade poluidora reconhece sua "má conduta" e reorienta sua ação a fim de corrigir seus erros. Arcar com os custos da reparação dos danos causados é princípio básico desta lei e significa, literalmente, que este dinheiro deveria ser usado para custear a assistência média das milhares de crianças e cidadãos que adoeceram por inalar os gases emitidos pelas chaminés.

Além do mais , pela contaminação do lençol freático onde 70% da população depende de água de poço, a REDUC deveria financiar um projeto capaz de garantir a distribuição de água potável para os afetados.

Em Audiência Pública, na Câmara Municipal de Duque de Caxias, o atual Secretário Estadual de Meio Ambiente explicou que o TAC foi investido na modernização das instalações internas da REDUC ,  assumindo publicamente que o acordo está em desconformidade com a lei.

Como explicar que o TAC da REDUC assinado em 2011, no valor de R$ 1. 089 milhões não foi investido na reparação do mal que causou em nossa cidade?

Como explicar um  TAC  da REDUC reservando R$ 50 milhões para construção de uma estação de tratamento no rio Irajá na cidade do Rio de Janeiro, e para reparar os danos em nossa cidade não reservou nenhum centavo? 

Mas uma vez Duque de Caxias assiste, calada, seus inalienáveis direitos serem subtraídos pelo preconceito e o desrespeito pela nossa capacidade de raciocinar.

A classe politica de Duque de Caxias, de postura progressista e independente,  livre das amarras do regime ditatorial, orientados pelo interesse popular, com o prefeito, 29 vereadores, 8 deputados, apoio da sociedade civil organizada e um principio constitucional ao nosso lado, poderá exigir que a REDUC invista na reparação dos danos que tem causado à população de nossa cidade.

É hora de dar um basta para uma visão estatal preconceituosa e descomprometida com o interesse público e buscar justiça ambiental para nosso município.

Abdul Haikal - Diretor Executivo da empresa Gestão Energética (energias renováveis) foi vereador constituinte( 1988-1992) Sub-Secretário de Serviços Públicos ( 2002-2007) e Secretário de Transportes de Duque de Caxias ( 2008-2009).

domingo, novembro 10, 2013

DUQUE DE CAXIAS: PLATAFORMA LOGÍSTICA MULTIMODAL PARA O DESENVOLVIMENTO


DUQUE DE CAXIAS PODE TER O MAIOR PÓLO LOGÍSTICO DO BRASIL

Perto de um milhão de habitantes, 2ª maior arrecadação do estado, 468 km², entre as 10 cidades que mais exportam no país, Duque de Caxias tem população, economia e território maior que 20 países no mundo e uma arrecadação superior a uma dezena de capitais brasileiras.

Somos uma cidade-estado.

Nossa localização geográfica estratégica confere uma vocação natural, que, bem aproveitada, pode dar ao nosso município a condição de maior pólo logístico do Brasil. 

Com este objetivo, quando estava Secretário de Transportes e Vias Públicas no município, em 2008, elaborei proposta de criação e implantação de uma PLATAFORMA LOGÍSTICA MULTIMODAL (PLM) em área de 3.200 milhões de m² pertencente á União e localizada no km 6 da rodovia Washington Luís.

A Plataforma reuniria uma cadeia de processos logísticos para operação integrada de transportes, paletização, movimentação e armazenamento de cargas terrestres, aéreas, marítimas, pluviais e ferroviárias concentradas para exportação e importação de mercadorias.

Cidade logística

No projeto de viabilidade econômica estimamos a atração de 60 e 80 novas empresas a serem instaladas na "cidade logística" e mais de R$ 1 bilhão em investimentos privados gerando 3 mil empregos diretos e 6 mil indiretos.  Os benefícios seriam imensos, impactando, inclusive, nos preços dos produtos operados com OTM - Operação de Transporte Multimodal - reduzindo custos fiscais e logísticos (que em alguns casos chegam até 60% do valor final das mercadorias transportadas) e poderiam, por exemplo, reduzir em até 7% o preço do kilo de feijão ao consumidor final beneficiando segmento mais carente da população.

Comparações com a rede de Plataformas da Europa - Orly na França, Saragoza na Espanha, Portugal, Holanda e Itália - revelam que nossa cidade poderá abrigar a maior Plataforma Logistica Multimodal Urbana do mundo nestes tempos de globalização econômica.
Podemos liderar o planejamento da mobilidade urbana no estado com foco no transporte multimodal integrado, revitalizar o transporte ferroviário de cargas e incrementar a atividade portuária.

À prefeitura caberia a função de articular a criação de infra-estrutura no terreno com a ajuda do governo estadual e federal para atrair investimento das empresas do setor logístico e de serviços.
Basta visão estratégica, capacidade de articulação e politicas publicas compatíveis com nossas possibilidades.   O prefeito Alexandre Cardoso, que montou seu governo com uma equipe técnica de alto nível de excelência, comprometida com as demandas de Duque de Caxias, poderá alavancar nosso desenvolvimento a partir das características geo-econômicas de nossa cidade.

Nossa localização privilegiada e uma vocação natural conspiram a favor deste projeto que nos dará importância econômica nacional e internacional.   O prefeito escreveria uma nova página na história de Duque de Caxias.

A área onde proponho que seja implantado o projeto conhecida como "Bomba I e Bomba II" situada no bairro São Bento, ás margens da Rodovia Washington Luís (próximo a REDUC em frente ao quartel da Marinha, lado oposto) está localizada a 30 kms do porto do Rio de Janeiro; a 15 kms do Aeroporto Internacional Tom Jobim - Galeão- ; próximo 8 kms da Via Dutra - maior artéria de transporte de cargas do país - ; distante 6 kms do Arco Metropolitano e conta, ainda, em seu interior, com uma malha ferroviária para transporte de cargas com ramificações que levam seus trilhos a todas as regiões produtoras e principais mercados consumidores do Brasil.

Podemos ser a maior central urbana de armazenagem e distribuição de mercadorias para exportação e importação do planeta.

A área pertence ao INCRA e poderá ser cedida ao município, tem capacidade para garagear 3.000 caminhões-carretas, multiplicados por 3 turnos, que deixariam de circular nas saturadas ruas e avenidas da Região Metropolitana, no horário comercial. Milhões de toneladas de CO² deixariam de ser emitidas no meio ambiente.   Para os motoristas seriam disponibilizados, no interior da PLM, toda infra-estrutura de uma cidade-logística, concentrando assistência com oficinas, borracharias, postos de abastecimento, moleiros, restaurantes, hotéis, bancos e agenciamento de fretes que otimizariam a cadeia de serviços logísticos gerando impacto urbano positivo para a sociedade além de reduzir custos com fretes.

No mesmo local, e simuntâneamente, a área tem capacidade para construção de 500 mil m² de área coberta ( galpões), armazenar 50 mil containers que vindos da China, EUA e Europa seriam distribuídos por trem para todas regiões do país, além de atrair uma EADI - Estação Aduaneira do Interior -conhecida como "Porto Seco" - realizando os despachos aduaneiros em nosso território e contribuindo com a redução do chamado "custo Brasil" .


Precisamos explorar as potencialidades econômicas de nosso território com olhar para o cenário futuro.

No documento intitulado DECISÃO 2010-2012 a Federação das Industrias do Estado do Rio de Janeiro- FIRJAN- mapeou investimentos públicos e privados na ordem de R$ 120 bilhões,  revelando uma mudança no eixo dos pólos desenvolvimentistas, fora dos limites de Duque de Caxias (COMPERJ, CSA, Porto-Açú).   Precisamos formular e implementar projetos e ações que fomentem a competitividade de nossas forças produtivas.  Este projeto ajudará nossa cidade a manter sua importância econômica atraindo investimentos gerando mais empregos e arrecadando mais, muito mais impostos.

Basta um pouco de ousadia e um sopro de empreendedorismo público.

Abdul Haikal - Diretor Executivo da empresa Gestão Energética (energias renováveis) foi vereador constituinte (1988-1992) Sub-Secretário de Serviços Públicos (2006-2007) e Secretário de Transportes de Duque de Caxias.( 2008-2009).

quinta-feira, outubro 31, 2013

Vice do PSB detona grupo de Marina e elogia Dilma

            MARINA SILVA SERIA "CONSERVADORA"


 
 
Divulgação
 
Em artigo veiculado nesta quarta-feira (30) no site do PSB, o vice-presidente da legenda, Roberto Amaral, aprofundou as divergências entre suas opiniões e as ideias de Marina Silva.
 
Depois do elogio feito por Marina ao governo de FHC e das criticas de Lula afirmando que ela precisa duvidar de “algumas lições que estão lhe dando”, o número dois do PSB desqualificou André Lara Resende e Eduardo Giannetti, dois dos principais conselheiros econômicos de Marina.
 
A sucessão presidencial de 2014, ensinou Amaral, será um embate ideológico entre “o campo conservador” e o “campo progressista”.  Para ele, o primeiro grupo “trabalha sob o marco da tragédia que foi o governo neoliberal de FHC”. Desse lado militam os economistas que, “incensados pela mídia vassala”, classificam de “exemplar” a ruína tucana.  Entre eles Lara Resende, um dos pais do Plano Real, e Gianetti, completou Fransisco Amaral.
 
No segundo grupo, escreve Amaral, está a “esquerda orgânica”.   Integram-na o seu PSB,  o PT e dois aliados que Lula legou para Dilma: o PCdoB e o PDT. A essas legendas caberia assegurar o essencial: “a continuidade da união das forças progressistas e de esquerda, para além do pleito de 2014.”
 
Ficou subentendido que, para o vice do PSB, o inimigo a ser batido é o PSDB, não o PT.
 
Em seguida ás críticas contundentes contra a ex- ministra do governo Lula, Marina Silva, o membro da cúpula da comissão executiva do PSB, Fransisco Amaral, à política econômica de Dilma, recbeu 100% de elogios: “O governo Dilma, não obstante a persistente crise financeira internacional, não só dá continuidade ao binômio desenvolvimento-distribuição de renda, como ousa enfrentar o capital financeiro, ao promover a baixa dos escandalosos juros praticados desde sempre em nossa economia.”
 
 
Para Amaral  “todos os objetivos eleitorais são táticos, e táticas são as alianças que a lógica dos pleitos impõe, inclusive das contradições programáticas.” O importante, ele anotou, é não perder de vista o adversário estratégico”, no caso o PSDB de Aécio.
 
Contra a pregação de Marina em favor da “nova política”, Amaral é pragmático: “Ninguém, a não ser os anjos no Paraíso e os paranóicos na terra, realiza a política dos seus sonhos na Passárgada que inventou. Todos fazemos a política possível…”
 
Amaral arremata seu artigo assim: “A preeminência das circunstâncias sobre o sonho, da realidade sobre a vontade, não constitui, porém, um determinismo. Se ao agente político não é dado escolher as condições nas quais vai atuar, cabe-lhe, sempre escolher, livremente, o papel a exercer nas circunstâncias dadas.”
 
Com outras palavras, o vice do PSB disse assim: na caçada eleitoral, quem não tem cão caça com a Rede.

quarta-feira, outubro 30, 2013

DILMA ROUSSEF X "COMPLEXO DE VIRA LATAS"

                                              

                                    OPOSIÇÃO AO BRASIL

 
O episódio da espionagem dos EUA e a reação critica da Presidente Dilma Roussef contra os grampos comandados pela Casa Branca, revelaram uma face aguda da oposição brasileira:  o 'complexo de vira lata'.   A frase antológica, cunhada pelo genial escritor e dramaturgo Nelson Rodriguez,  definia  o complexo de inferioridade, assumido voluntariamente pelas elites brasileiras, diante do resto do mundo.
A oposição ridicularizou gesto do Palácio do Planalto, que suspendeu a visita da presidente brasileira, anteriormente agendada aos Estados Unidos, como forma de protestar contra a violação da soberania nacional.  Setores da oposição e da mídia feudal chamaram a decisão protocolar diplomática de "bravata" alguns sugerindo, em tom de achincalhe, que o Brasil declarasse guerra à maior potencia bélica do mundo.  

Orientados pelo desconhecimento dos rituais próprios das relações internacionais, se manifestaram de forma jocosa às manifestações de repúdio do governo, diante da violação da privacidade de milhões de brasileiros incluída a própria presidente da república.

Longe de prevenir "terrorismo" o alvo da espionagem eram empresas que constituem interesses estratégicos para o estado brasileiro. Isto é irrelavante para os críticos e setores da oposição.

Artigos de jornais, comentaristas em rádios e televisões, postagens na rede social tripudiaram da presidente.   Acusavam Dilma de dar uma dimensão maior á um fato corriqueiro.  Como se fossem advogados voluntários da espionagem americana em território nacional, usavam o argumento de "que todo mundo espiona todo mundo", para defender uma postura mais subserveniente do governo brasileiro diante dos EUA.

Mas o quadro mudou!

Descobriram que a Agência Nacional de Segurança - NSA-, que tem a missão de cochichar no ouvido de Barack Obama, também  grampeou os telefones dos primeiros ministros da Alemanha, Itália e da França.  Todos protestaram formalmente contra Washington DC. Ameaçam expulsar  diplomatas americanos envolvidos na bisbilhotice.   Angela Merkel, chanceler alemã, convocou uma reunião  da União Européia, para tratar do assunto, incensando uma crise diplomática EUA/UE.

Onde estão as vozes dos 'vira-lata' brasileiros, diante das reações de repúdio á espionagem dos líderes europeus, tão ou mais intensas que as posturas em defesa da soberania nacional da presidente Dilma Roussef?

Se calaram! Nelson Rodrigues era um sábio...

A oposição mostra que ele continua atual como nunca!