O BOLO DO PODER
Em dezembro último ao comemorar aniversário na sua hollywoodiana mansão de Graçandú, paradisíaca praia de Natal, RN, "Henriquinho", não imaginava, que dias depois viveria seu inferno astral com a revelação de sua face oculta para o Brasil. Em requintada e luxuosa festa regada a whiski envelhecido em barril de carvalho e caviar, onde foram convidados 70 casais, o líder do PMDB flutuava em frente a um suntuoso bolo de aniversário, feito sob encomenda para suas ambições. O bolo confeitado era o ponto alto da festança e chamava atenção pelo seu formato. Era uma enorme e doce maquete do prédio da Camara de Deputados feita de coberturas variadas que misturava chantili e fisiologismo em sua receita. Sentado sobre ele um boneco de cera do dep. Henrique Eduardo Alves com braços e pernas cruzadas ostentando ares de conquistador romano. Na base sobre a mesa, onde repousava o bolo cercado de guloseimas, outros bonequinhos de cera representavam manifestantes em frente ao congresso ostentando miniaturas de faixas com o nome de "Henriquinho". Um dos bonequinhos carregava uma bandeirinha com a inscrição "tá tudo dominado" em referência à ascendência sobre seus pares, seu poder e sua eminente eleição para a presidência da Câmara de Deputados.
Líder do PMDB: está derretendo |
Mas parece que o bolo azedou. Está derretendo no calor das denúncias contra o DNOCS e sua estreita ligação com seu padrinho e mentor dep. Eduardo Cunha (PMDB), cuja batata, está assando no forno das investigações que chegarão à Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e Furnas, estatal do setor energético do país. Os tentáculos destes irmãos siamaneses se estendem a outros órgãos estratégicos da administração pública federal, que estão sob suspeita de irregularidades cometidas por diretores indicados por eles. Enquanto isto acumulam fortuna, poder e prestigio na esteira de praticas obscuras e inconfessáveis.
O DNOCS e apenas a ponta de um gigantesco iceberg .
Fazendo cara de paisagem diante das denúncias onde seu indicado é suspeito de desviar R$ 200 milhões, o dep "Henriquinho" arrotou coragem na defesa de seu valioso feudo. De forma arrogante, liderando seus interesses menores, reduziu a historia do PMDB ao tamanho de um mercador de feira persa, transformou cargo de Vice Presidente da Republica em uma barraquinha de negócios fisiológicos, desafiou a presidente da Republica e desrespeitou uma nação de 190 milhões de habitantes. Prevaricando de suas funções, o deputado federal mais antigo do país, abandonou suas obrigações constitucionais de fiscalizar o poder executivo. Diante das denúncias feitas pela Controladoria Geral da União o líder do PMDB tinha obrigação moral, e responsabilidade legal, de instaurar procedimento investigatório para apurar com isenção o conteúdo das denuncias. No entanto, se apressou em advogar em defesa do denunciado, desafiando que fôssem apresentadas provas das irregularidades, com a certeza dos impunes e dos que acreditam no crime perfeito, sem deixar marcas ou vestígios. Ultrapassou limites éticos afirmando "não aceitar" a demissão de seu pupilo em tom ameaçador. Deu a entender à sociedade que teria em mãos, algo, que poderia ameaçar a presidente do Brasil. Sua bravata apressou a demissão do diretor do DNOCS, em resposta sumária e humilhante do Palácio do Planalto, deixando claro que Dilma Rousseff não é refém de conchavos partidários nem de grupos fisiológicos menores.
Por enquanto a única ameaça, que já começa a se dissipar no horizonte deste pais continente, é contra a autoridade moral da Câmara Federal pela possibilidade de ver em sua presidência um politico que faz na vida pública o que costuma fazer na privada, como ficou claro no formato do bolo de seu aniversário.