Com um PIB de R$ 30 bilhões equivalente ao da cidade de Rotterdan - maior Porto da Europa - na Holanda, Duque de Caxias apresenta índices sociais iguais aos de Ruanda - país mais pobre do mundo - na África. Porque uma cidade que detém a 2ª maior arrecadação de ICMS do estado do Rio de Janeiro amarga índices tão pífios?
Prefeitura controlada por empreiteiros e concessionarios. |
Nosso parque industrial nos confere a condição de 2ª maior exportador do Brasil, e receita maior que várias capitais brasileiras, como Salvador e Curitiba arrecadando média de R$ 1.5 bilhão por ano sendo a 15º cidade mais rica do Brasil. No entanto, nosso IHD - Índice de Desenvolvimento Humano - segundo o IBGE, é a 52ª e a qualidade do ensino é uma das piores do estado.
O que justifica o quadro dramático e desumano no atendimento da rede municipal de saúde, onde pessoas morrem na porta dos hospitais públicos por falta de socorro, diante da decrescente oferta de leitos hospitalares, que em 1981 eram de 1902 e hoje são de 979 ?
Uma das respostas está no fracasso das gestões públicas municipais.
O perfil de cidade-estado com uma forte ecônomia, elevados níveis de investimentos produtivos, posicionamento geográfico privilegiado e uma mão-de obra vigorosa que deu a Duque de Caxias lugar de destaque no cenário nacional, não tem sido correspondido com planejamento capaz de transformar a prefeitura em instrumento de bem-estar humano. Vivemos um desenvolvimento econômico com gritante exclusão social.
O resultado de orientações estreitas de sucessivas administrações municipais, aliadas à ausência de politicas públicas consequentes, criaram um quadro perverso com uma cidade de riqueza exuberante e uma população extremamente carente de serviços públicos básicos como educação,saúde e saneamento. A hegemonia de interesses privados sobre a receita publica e a falta de qualificação na gestão municipal agravaram o desequilíbrio sócio-ambiental, acentuando o crescimento desordenado com impacto negativo na qualidade de vida no uso e ocupação dos espaços públicos de Duque de Caxias.
Estamos mergulhando no caos urbano com a falência dos serviços essenciais para a população e sem perspectivas de soluções. Nem mesmo as grandes oportunidades estão sendo aproveitadas pois que estamos inertes pela incapacidade do governo municipal de propor, por exemplo, um projeto que venha a inserir nossa cidade no ciclo virtuoso de beneficios sociais gerados pelo calendário desportivo do estado que sediara a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016.
A cidade cresce e desenvolve pelo eixo único e exclusivo da força de trabalho dos seus moradores.
Na última década o município viu seus prefeitos serem "governados" pelas empreiteiras e pelas concessionarias de serviços públicos evidenciando as diferenças entre "poder" e "governo". Os orçamentos públicos tem sido montados sob a ótica dos interesses de empreiteiras que abocanharam a quase totalidade da receita bilionária de nossa cidade. Com uma postura de total subserveniência, os prefeitos são meros instrumentos de garantia dos privilégios e da expansão dos interesses do "poder" de grupos privados, uma submissão adotada depois da posse no cargo, como forma de pagamento dos financiamentos milionários de suas campanhas eleitorais. As verdadeiras, legítimas e prioritárias demandas da população duque-caxiense não tem sido consideradas pelos prefeitos de nossa cidade.
Exemplos emblemáticos deste cenário foram a construção dos chafarizes para "enfeitar" o calçadão da Nilo Peçanha,quando faltam água na maioria das torneiras das residências da cidade e a duplicação da Av. Presidente Kennedy, obra de exclusiva competência do Governo do Estado já que é uma RJ, com traçado e características totalmente equivocadas. Apesar do cronograma físico-financeiro ter indicado a impossibilidade de sua conclusão no período de um mandato, o município pagou R$ 25 milhões para a empreiteira. Até hoje a obra não foi concluída. A população sofre com os transtornos e os buracos que geram acidentes e mortes enquanto os empreiteiros agradecidos usufruem do dinheiro publico.
A grandiosidade de uma cidade de quase novecentos mil habitantes localizada no coração da Região Metropolitana, que sofre impactos de múltiplas, complexas, dinâmicas e delicadas atividades urbanas requer um planejamento estratégico capaz de hierarquizar suas prioridades de investimento considerando nossa vocação regional e tendo como foco principal a melhora da qualidade de vida de seus moradores.
É preciso democratizar o planejamento.
Se queremos decidir qual a função da cidade e de seus equipamentos e de que forma ela deverá interagir com a nossa população teremos que adotar uma gestão qualificada com órgãos de alto nível de excelência capazes de dar respostas ás demandas sociais. Instrumentalizar a prefeitura para que sirva de elemento fomentador do desenvolvimento humano requer gestores capacitados e com independência para formular e executar politicas públicas eficientes. No entanto, e antes, precisamos democratizar o planejamento da cidade estabelecendo os rumos que queremos seguir.
A sociedade precisa se mobilizar de forma organizada para garantir efetiva participação no planejamento do investimento dos impostos que pagamos para assegurar um desenvolvimento estratégico global e integrado do município e romper o maior elo do autoritarismo: a gestão financeira publica.
Não custa lembrar que os prefeitos são os "executivos" e cabe aos cidadãos decidir se ele vai executar projetos feitos pela população e para a população, ou se vai executar projetos para atender os interesses dos empreiteiros.
Clubes de serviço como o Rotary e o Lions Club, sindicatos, associações de moradores e outros representantes dos setores produtivos de nosso município podem e devem dar uma grande e permanente contribuição no planejamento dos investimentos assumindo o papel de protagonistas apontando os rumos e o modelo de crescimento do nosso município de forma a buscar a felicidade de todos os cidadãos.
Precisamos sair da letargia e assumir a direção de nossos destinos.
A sociedade civil pode fazer a diferença.
"cidade cresce e desenvolve pelo eixo único e exclusivo da força de trabalho dos seus moradores".... excelente artigo, mostra uma visao geral do que foi os ultimos governos e ao caos que chegou o município.
ResponderExcluirObrigado pela sua participação Tuninho
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCaros
ExcluirCABONGUE e "eu", quero me desculpar,cometi um erro ao clikar errado na seleção da moderação e perdi seus comentários. Gostaria de lhes pedir, se possível, o reenvio para publicação. Ficaria honrado.
abs
Boa matéria, porém você esteve tanto na fiscalização do Poder Executivo (Vereador), como participou dos Governos Municipal recentes (Secretário e Sub-Secretário). Quais foram as soluções que você trouxe para melhorar a administração deste dinheiro todo (Orçamento Municipal), para que melhorasse nossa qualidade de vida? Zito e Washington Reis tiveram suas chances de administrar nossa cidade, agora o povo quer mudança.
ResponderExcluirDr. César
ExcluirAgradeço pela sua participação e pela oportunidade de divulgar uma minúscula parte de minha atuação como vereador-constituinte(1988-1992),Sub secretàrio de Serviços Públicos e Secretário de Transportes e Vias Públicas(2007/2008). Gostaria de expor o conjunto de minhas ações,mas espaço é inapropriado e restritivo.
Por isso vou citar a Lei Orgânica de Duque de Caxias promulgada em 1990 composta de 239 artigos, dos quais fui autor de 48, mesmo fazendo vísceral oposição ás práticas dos prefeitos da época.
Dentre as leis de minha autoria destaco o § 3º do art. 140 que obriga investimentos proporcionais nos 4 distritos de Duque de Caxias que promoveram o desenvolvimento integrado da cidade e o § 1º do artigo 5º que transferiu a prefeitura para o bairro Jardim Primavera, criando um pólo de desenvolvimento a partir do centro geográfico da cidade. Também fui autor de 90% das leis ambientais criadas na LOM entre elas a que proíbe o uso de moto-serra em madeira in natura, e a criação da Taxa de Recomposição Ambiental, que gerou uma ceceita de mais de R$ 30 milhões para os cofres públicos permitindo a revitalização da Av. Monte Castelo e que provocou o embate com a cidade do Rio de Janeiro e a confecção do edital que licitou e exploração do biogás no aterro sanitário do Jardim Gramacho que vai transformar o lixo em energia elétrica.
Em relação á questão da gestão financeira pública esclareço que criei o Conselho Popular de Orçamento em 1989 um ano antes de ser adotado como tese apelidada pelo PT de "orçamento participativo" em 1990, pelo qual a decisão dos investimentos cabem á população através de suas entidades da sociedade civil organizada.Uma vez aplicado será o instrumento de controle social e transparência de gestão pública mais poderoso em benefício da sociedade. Sómente agora, o atual prefeito assume o compromisso de ajudar a criar esta forma de gestão transparente.
Como sub secretário garanti a eficientização do parque de iluminação pública, através do projeto, "Reluz" quando foram beneficiados todos os bairros do 2º e 3º distritos com 8.000 novos pontos de luz(gerando uma economia de 47% na conta de luz nos pontos beneficiados), SEM NENHUM CENTAVO DOS COFRES PÚBLICOS, uma vez que articulei com a concessionária Ampla os investimentos a fundo perdido da chamada "verba Aneel". Também consegui,usando planilha do GEIPOT, o congelamento das passagens de ônibus nos anos de 2007/2008 única vez nestes 20 últimos anos em que não houve aumento nas passagens de ônibus. Como secretário enfrentei a aguda falta de recursos e embora tenha conseguido a aprovação de uma comissão técnica do Bird para financiar a estruturação e a capacitação de órgão com atribuição de propor politicas públicas em infra-estrutura e transporte,esbarrei na apatia do chefe do exucutivo.
Sugiro que o Dr. procure os registros históricos de minha atuação parlamentar e de secretário no Instituto Histórico de Duque de
Caxias ou me envie seu email quando terei oportunidade de fornecer mais informações de um volumoso acervo que registrou minha atuação pública e minha contribuição ao desenvolvimento de Duque de Caxias. Também sugiro que leia artigo do Pr. Eduardo Prates cientista politico,historiador e professor de ciências politicas publicado na revista Pilares de História.
Penso em escrever um livro detalhando minha participação neste processo de construção da cidade.
Um grande abraço.
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Abdul,
ExcluirMeu comentário obteve exito. Meu objetivo era fazer você falar mais sobre sua atuação em nosso Município, suas contribuições foram de suam importância, acho a mais corajosa a transferência da sede da Prefeitura para Jardim Primavera, esta mudança refletiu positivamente para o desenvolvimento nos outros distritos longe do centro da cidade. Parabéns pelas suas preocupações com a nossa cidade, suas idéias e seus planos. Pode me contactar e contar com a minha ajuda quando queizer. Um grande abraço. Dr. Cesar Bezerra (cesar.com.adv@gamil.com)
Dr. César,
ExcluirFico honrado e agradecido pela sua participação e seu comentário. Recentemente foi publicado pelo Instituto Histórico de Duque de Caxias na revista "Pilares da História" artigo do Professor universitário, cientista político, historiador e pesquisador Eduardo Prates, contextualizando o processo politico que me permitiu aprovar emenda de minha autoria que determinou a transferência da Sede da administração pública para o Jardim Primavera. Meus objetivos de garantir o desenvolvimento global e preservar a integridade territorial de nosso município,foram alcançados como revelam os registros históricos. No entanto na politica de nossa cidade continuam sendo determinantes o assistencialismo,o clientelismo e os conchavos com grupos econômicos como forma de conquistar mandatos eletivos.
Obrigado pelo seu reconhecimento.
Abdul, parabéns pelo artigo, sua visão e exposição de idéias são excelentes! Espero que você seja eleito novamente e consiga interagir com a sociedade civil e organizar uma grande mudança em Caxias! Como você disse: Precisamos sair da letargia e assumir a direção de nossos destinos. Acredito em suas propostas e que você certamente contagiará outros políticos com sua ética e retidão na vida pública. Conte com o amigo! João Capetini
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